sexta-feira, 8 de novembro de 2013

POEMA DA NOSSA GRANDE SOPHIA DE MELLO BREYNER














De Sophia de Mello Breyner:

A VESTE DOS FARISEUS

Era um Cristo sem poder
Sem espada e sem riqueza
Seus amigos o negavam
Antes do galo cantar
A polícia o perseguia
Guiada por Fariseus

O poder lavou as mãos
Daquele sangue inocente
Crucificai-o depressa
Lhe pedia toda a gente
Guiada por Fariseus

Foi cuspido e foi julgado
No centro duma cidade
Insultos o perseguiram
E morreu desfigurado

O templo rasgou seus véus
E Pilatos seus vestidos
Rasgaram seu coração
Maria Mãe de João
João Filho de Maria

A treva caiu dos céus
Sobre a terra em pleno dia

Nem uma nódoa se via
Na veste dos Fariseus

Sophia de Mello Breyner

com a devida vénia, de GRADES, Publicações Dom Quixote, Novembro de 1970

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