ROUXINOL
Um mar inundado de azul-turquesa chama pelo poema
que range dentro do poeta.
Chamariz misterioso ,
dança nas orlas das ondas- leito- amniótico da espuma, a dissolver-se
no areal da nostalgia cíclica dos ventos.
A vida das metáforas desenrola-se na concha dos búzios,
[ a tropeçar nos versos de areia-neblina,
[ em ditirambos de bucólica saudade.
Na turbulência do timbre filosófico do crepúsculo,
cantam páginas imensas de sílabas intensas,
bagos de branca-rubra - liberdade…
Um rouxinol escorrega em árvores de contradições-da-música-vida,
quando Vivaldi irrompe em erupções de melodias contrastantes
num painel de pautas coloridas, onde os soluços se exprimem
[por inflexões narcisistas…
Os círios das catedrais dissolvem –se nos mitos das mentiras.
Os vitrais recolhem as cores do soar-do-sino das neblinas,
[ de opacas almas, emaranhadas-
[-em -sinestesias-vida…
Poeta-olhos marejados de sussurros crepusculares
em perfumes de magnólias,
à hora da viagem dos moliceiros altaneiros
de cabelos-algas esverdeados, na ria de embustes marinhos,
[traiçoeiros.
(Astrolábios de borrascas enganaram tantos madeiros…)
Bienais das neuroses fundeiam nos lamaçais aquáticos de Veneza…
O poeta repousa à sombra de um pinheiro onde um canto de rouxinol
[lhe leva à alma, a euforia…
Vem o Inverno que lava a terra ********* as laranjas cheiram a poesia…
As árvores apaixonadas por cordões de húmus abraçam as giestas
no repouso das florestas,
num refluxo de ternuras…palavras meigas a nascer O DIA…
Maria Elisa Rodrigues Ribeiro
MERR-REG-CR/4-SET/013 (O.I.)
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