"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
POEMA: DECLINA A TARDE...
POEMA: DECLINA A TARDE...
DECLINA A TARDE, NUM OUTONO…
Declina a tarde na suavidade do Outono.
A claridade foge para o anoitecer e vamo-nos tornando sombras a repousar o olhar nas folhas amarelecidas prontas a adormecer nas asas de um tempo curto que voltará a sorrir*
Gritam, as árvores, o secreto furor de rejuvenescer¨*
Despidas de velhas memórias das sonoridades dos raios de luar órfãs da verdura do incenso das madrugadas correm, calmas, para a alma da nova Primavera*
A palpitante face dos crepúsculos começa a descer as escadas do sol, deambulando, lentamente, pela terra adormecida, até ao momento da descida dos orvalhos*
Uma corola erecta inspira os pássaros que, possessivos, guardam o cio para o tempo dos perfumes das flores-a-abrir, em labaredas de cores*
Olhos de escuras crateras lançam-se pela vastidão das clivagens solares dos horizontes das begónias, abraçadas às náiades-fontes*
Feiticeiras papoilas perseguem o odor das rubras rosas, a dormirem no vermelho -paixão que me repousa em páginas de caligrafias loiras, maceradas por sílabas nuviosas*
Um farol acorda mais cedo a espalhar luz no azul negro do mar, onde sonâmbulas pedras, impelidas pela força das marés, rebolam sobre as ondas lambidas de musgo e espuma e se deitam na bruma das gotas-a-naufragar*
Doirados ares do anoitecer recolhem na pressa do amanhecer, grávido das árvores-a-camuflar-polpas-a-amadurecer*
Melódico crepúsculo de saudáveis estrelas soa ao ouvido da soberania versátil dos rasgos de nuvens*
É Outono! Declina a tarde numa suavidade monocórdica de tons e de sons!
Maria Elisa Rodrigues Ribeiro
(MERR)-
REG: CR/8/ (VDS)-SET/(3) /2013
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