quarta-feira, 11 de setembro de 2013

POEMA: PROLONGO-ME...






















POEMA(inédito):

PROLONGO-ME...


PROLONGO-ME


…a esta hora, que sempre foi minha
e em que o crepúsculo revela a força íntima das coisas.
Anoitece.
O ar parece oiro avermelhado e os últimos raios vivos das nuvens entram pelas janelas abertas para o mundo.

Estou só, com a força cristalina das gargalhadas que te ouvi. Estou só, com as horas boas e más de qualquer dia de névoas, que poisaram sobre as rosas do jardim.____________________

Neste momento solene descobri, que posso levar as palavras a deslizarem sobre meu corpo, como pérolas de gotas que se perdem nos Outonos.

Na relva orvalhada do anoitecer …………….o dia prepara-se para dormir.

Prolongo-me no silêncio rumoroso dos pássaros a antever a noite,
enquanto as árvores abanam os tardios sopros da vida
[de antes do descansar…

Corre a brisa roçando as inertes pedras, que se deixam afagar!
Os hálitos das palavras querem sufocar-me de amor.

E conversam comigo, que as despego da fibra sintáctica dos livros…
…daquela mancha de negra tinta
que quer saborear os olhos de um poema-chocolate
na euforia de sensuais paladares.

A abstracta verdade não se vê…mas tu sente-la,
sentado à beira da janela da saudade,
na ponta dos dedos por onde corre a maciez daquela noite-daquela-vez…

Sensualidade exuberante numa feminilidade dócil………….o amanhã pode cantar, ao acordar no novo sol de um novo poema ,que adejará a sedutora impaciência de um corpo………….em tessitura de ortografia-serena………….!

E prolongo-me…
…pela boca ondulada das águas do mar…
…pela luz de um farol-a-beijar corolas de bruma…
…pela confidência do silêncio das resinas-sinaleiras-a-navegar…
Prolongo-me por Mim-em-Ti, na hora de um ígneo desejar!



Maria Elisa Rodrigues Ribeiro
(MERR)
REG:CP-2013-MQC/SET/013

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