segunda-feira, 30 de setembro de 2013

POEMA: LOROSAE






POEMA: LOROSAE

LOROSAE

Bocas de sândalo amansaram as rugas feridas dos bosques e irrigaram pedras das florestas nas asas da rima de um choro-horror.

Choveu sangue nas pétalas dos meninos-gente de Timor!

As árvores da noite acordaram-a-escurecer e as folhas, temerosas, correram por túneis -de-esconder-almas, a procurar o azul liberdade das águas do mar.

Os pássaros beberam as luzes dos voos livres, e as estrelas, amedrontadas, anularam-se como realidade da PALAVRA.

Tenebrosos, os sussurros da besta entravam na alma da floresta, em corpo serpente ondulante a sugar a beleza da alma azul-turquesa, sob uma lua oriental, sem armas…indefesa.

Verdejantes arrozais colapsaram, em pausa forçada, para a hora dos festins habituais.
Uma poeira incessante projecta-se num espelho-máscara-negra, perturbante, esperando que os ventos abram o sol, nos lábios dos sorrisos das crianças; a vida vai-sendo, sempre que um punhado de lótus e de jasmins se derrame a cobrir estradas de sangue-púrpuro-terror, com milhões de pétalas coloridas em tons de fraternal odor.

Os rios retomam o curso da rota do natural percurso…
As aves nidificam e alegram os ares, num arranque atrasado para a nova vida…
Tossem os ventos das monções a dar sinal destemido de presença e as ancas das largas montanhas voltam a contar fábulas, dando as mãos às sombras da bonança, enquanto os rouxinóis cantam a verdade da Poesia!

Uma bandeira LOROSAE impôs-se aos ventos da universal humanidade e mira, orgulhosa, novas auroras-boreais!

Maria Elisa rodrigues Ribeiro
(MERR)-VDS-JLH/013-REG: CR — com Susana Duarte e 49 outras pessoas.

2 comentários:

  1. Voei no tempo recordando o martírio do povo de Timor bebendo com suavidade este cantar sereno de um povo que ressurgiu da perseguição.
    Xanana Gusmão no seu canto por liberdade.

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  2. Obrigada, Luís Coelho! É difícil esquecer, embora ainda não saibamos TUDO...
    Glória a este martirizado povo!
    Beijinho
    Lusibero-Maria Elisa

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