MONTE DOS MEUS VENDAVAIS…
Há sempre mais luz e sol brilhante
quando a poesia se esguia, furtiva e serena,
pela ponta dos dedos a escorrer pela pena.
Há sempre calçadas pisadas, doridas,
quando a poesia goteja mensagem
no corpo do lexema-coragem.
Há sempre o calor que brota do teu sorriso,
nascimento e percurso da alegria do meu viso.
Porta de entrada nos teus enigmas,
esse riso anelante leva-me a sonhos proibidos
que me circulam no sangue, em mistérios nas veias escondidos…
Há sempre o gemido de uma flor
que se verga ao teu odor…
e altera o equilíbrio do mundo
nas linhas de um papel
onde nasce uma poesia
que vive do teu sabor…
Meu monte dos vendavais semeia letras a esmo na policromia da aragem…
Trampolins de sensações
é com elas que escrevo nas ondas das emoções
do pestanejar do passar das estações!
E há ecos dos meus gritos ao vento no monte dos ais…
Há flores agrestes difusas nas ervas selvagens…
Há giestas silvestres urzes cheirosas jasmins atrevidos
que me roçam os pés
com a força das aragens!
Esvoaçam pássaros coloridos batendo as asas, quase sem ruídos.
As folhas das árvores vergam-se às brisas frondosas
que sugam o orvalho das pétalas de rosas.
Ao longe
o mar desperta
afastando as ondas
em voltas furibundas…
Na escultura do teu sono…o desalinho do abandono!
Cansada de esperar,
morre a chama da velha lareira…
Soltam-se as cinzas pela clareira
levadas no vento
pela serra altaneira…
Há desafios de desvelos que teimam em permanecer
nas letras que passo nos dedos, pelos teus cabelos…
Maria Elisa R. Ribeiro
Marilisa Ribeiro
Out/011-
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