quarta-feira, 26 de junho de 2013

POEMA (inédito) publicado na COLECTÂNEA DA EDITORA MODOCROMIA "PALAVRAS DE CRISTAL"

  






              MÍSTICO DO REAL
(Inédito publicado na COLECTÂNEA DE MODOCROMIA, “PALAVRAS DE CRISTAL)


Sob as névoas etéreas da noite, sussurram ventos nas águas
das solitárias fontes…
As brisas esculpem os fundos regos da terra
onde se esboça a vida da madressilva e do lírio…
A montanha floresce no cantar dos raios de luar, sol da noite a cantarolar o azul do céu
que, lânguido, se deita por sobre as águas do mar.
               
                              Fecho os olhos.
                                          Vejo dois mundos distintos,
                                                                 o real e o do sonho…

                            Por eles vou viajar em horizontes do sonho,
                                           perdidos no Longe-do- vulto de um eterno Desconhecido.


Fala-me a aurora de tempos imemoriais
                        que se uniram a pedras duras, monumentais,
                                        nascidas em futuros pinheirais-verdes-de-aromas-catedrais.

Um Infinito sem perfil-a-achar, ruge em aparências que se esfumam no triste
canto de um rouxinol a acumular lágrimas musicais…

Por dentro do vulto que sou, vejo o Tempo que por mim passou a rondar o Sonho…
Há nuvens a abraçar o Além dos lamentos de dor no brilho dos cristais…
Ilusões de belezas grandiosas, clamam dos fundos dos mares das tormentas universais.

O sol fecunda o brilho do ventre cósmico…
                                            Os astros passeiam nas teias das estrelas imortais…

Cada palavra que se impõe-em-mim subsiste par que interrogue o mundo.
O seu tempo-no-meu-tempo acaba quando o Tempo chegar…

                                              No entretanto-de-mim,
                                               aflora a maciez de veludo nos templos da natureza,
                                               a acompanhar o caminho da minha solitária e silenciosa Procura.
                                               Qual narciso pretensioso fixa as águas dos ribeiros a correr
                                               para o mar ,onde quer permanecer.
                                               Sorri ao odor das rosas em dança de mariposas ,
                                                flutuantes e teimosas, em colorir néctares-a-flutuar!

Cada palavra minha é fé e dúvida.
É mar interior a desbravar terreno, tão inóspito quanto difícil de deslindar…
…e vejo quão necessária é uma gramática-da-mística do âmago
para explicar a verdade que não existe-subsistindo-na –essência do ser!

Não percebo bem nada do Resto-que-me-sustém!
Sou cósmica…sou húmus de estrelas…sou mentira da minha verdade-
-na verdade da mentira que sou!
Sou redoma aberta aos cânticos do universo e fragmento de raio solar!

(Sinto-me acompanhada por Algo Maior que o Homem
nos meus embates angustiosos com a realidade…)

Sou tempo do Tempo que foi, que É e que Há-de ser,
até que ele se canse e viva no cume das árvores
 a arrastar pós de estrelas
 pelas eras-de –EU-Ser…

O sentido das palavras…? Hei-de sabê-lo DEPOIS…


Maria Elisa R. Ribeiro

(Marilisa Ribeiro)- MST/MRÇ/013

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