SUAVEMENTE
Ouves, luar?
É o amor, impaciente, a clamar por atenção.
Ouve-o , atentamente, no respirar das estrelas saltitantes
perturbadoras e insistentes
do mágico movimento.A Lua Crescente compreende a impaciência,
em que, conhecedora das noites dos amantes,
por lá pernoita, brilhante e prenhe de luz.
A lua sabe da nossa existência, porque a sente no
irremediável odor
do toque que acabas de dar-me na face e nos cabelos, que se
ajeitam...
...que cabem nessas mãos em que ME existo e ME entrego
de um modo cego.
(Não há códigos, nem divinos nem humanos,
que tolham a
inocência da demência da entrega.)
Suavemente,
seguras o meu pescoço
e viras meu rosto para o teu.
Milagre do céu...Vertigem do Amor...Sufoco da dor
natural...Ardor de cio fatal...
Perdidos os sentidos(Todos num confundidos-Verso de GARRETT)
Há acordes musicais que soam aos ouvidos como sinos das
catedrais.
Tudo nos é indiferente, pois existimos só nós
Nesta leveza pesada da lua, tremendamente embaraçada.
E até logo à noite, o dia inconsciente da nossa verdade
Cheia de intensidade, decorre
naturalmente.
©Maria Elisa Ribeiro
DEZ/2021
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