ANOS-LUZ-DE-CANSAÇO
Num descanso doce como um sorriso interior,
Ouve-se a voz da terra que clama pelos raios de sol,
Com amor.
Sinto que tenho muitos anos-luz-de-cansaço
no corpo, na cabeça, neste braço( onde meus dedos se cansam
a escrever lucubrações, cansativas e ousadas).
Estou cansada, é verdade!
Mas quero ver a Natureza, na sua peculiar beleza,
dizer “Bom-dia” a toda a Humanidade.
E não me canso de escrever!
No entanto, penso que , por vezes, os meus poemas
não sabem dizer o que penso
e nem sabem, sequer, que são POEMAS.
Neste meu quarto-ilha, todo o mar me atravessa,
e saberá dizer-me quando te esquecerás de mim...
Isto, naquele momento trágico em que os pássaros
esvoaçarem a fugir e começarem a chilrear...
Sinto-me sibila...vou adivinhando, a pouco e pouco...
Cintilo ao luar, troco os caminhos ao bosque
quando te quer enganar
e não me canso de te esperar.
Quando o crepúsculo vier,
irei embora no sentido contrário ao do “caminhar-quieto” das árvores.
Sei que te vou encontrar junto do carvalho onde,
com ternura, gravámos os nossos nomes.
Estou tão cansada de pensar...
©Maria Elisa Ribeiro
JAN/021
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