quarta-feira, 2 de março de 2016



Pesquisa Net , em esvrever e triste, sobre Manuel da Fonseca

"A poesia não serve para nada. É um luxo sumptuário. É um desperdício radical.
De tão pleno, essencial, indedicável e inescrutável rumor, o poema é o mais esplendidamente inútil de todos os gestos. Dos que conheço, pelo menos. O poema aparta da minha a tua mão, pero también, la noche, el alba, el dia, a sincrética escuridão.
E só aí, singelo e escasso, cada um de nós pode, talvez, encontrar-se.
Na poesia, encontramo-nos de véspera. Como neste poema de Jorge Luis Borges, que tomo a liberdade de traduzir. Poema que, logo, no último verso nos separa.


A Véspera
Milhares de partículas de areia,
Rios que ignoram o repouso, neve
Mais delicada que uma sombra, leve
Sombra de uma folha, beira
Serena do mar, a momentânea espuma,
Os antigos caminhos do bisonte
E da flecha fiel, um horizonte
E outro, os tabacais e a bruma,
O cume, os tranquilos minerais,
O Orinoco, o intrincado jogo
Que urdem a terra, a água, o ar, o fogo,
As léguas de submissos animais,
Apartarão da minha a tua mão,
E também a alba, o dia, a noite, escuridão."



Gosto


Gosto

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