domingo, 27 de março de 2016

Ainda o roubo do BES...


Ricciardi: Salgado pode protagonizar “caso Lava-Jato” à portuguesa

Em entrevista ao Expresso, o banqueiro que rompeu com Ricardo Salgado e boa parte da família Espírito Santo antevê que as investigações em curso no âmbito do BES possam ter um impacto semelhante à da operação policial brasileira.
26 de Março, 2016 - 23:09h



Ricciardi quando ainda era administrador do Banco Espírito Santo. Foto Mário Cruz/Lusa


José Maria Ricciardi, hoje à frente do Haitong Bank (ex-BESI), continua a acusar o primo Ricardo Salgado de ter “cometido dolo ao mais alto nível”. “Depois escreve livros a dar lições de moral e a fazer-se vítima, a defender a honra não sei bem de quê”, prossegue o banqueiro na entrevista à edição deste sábado do Expresso, na qual deixa um “prognóstico”: “A liderança do dr. Ricardo Salgado vai dar-nos em Portugal uma situação parecida com a do caso ‘Lava-Jato’ no Brasil. Depois irão ver quem foram os responsáveis, se eu, o Banco de Portugal ou o ex-primeiro-ministro…”.

Questionado sobre se terá havido pagamento de comissões na venda da Portugal Telecom, Ricciardi deixa em aberto essa hipótese: “Veremos nas investigações, já disse que o caso ‘Lava-Jato’ terá uma versão portuguesa. É uma previsão”.

Ricciardi acusa a gestão de Ricardo Salgado de ter criado “um sistema que alimentava muita gente de forma imerecida e injusta” e que foi confrontado por “parte da antiga geração” da sua família, que lhe aconselhava silêncio e tornar-se “num cúmplice de uma situação em que se andou a enganar os investidores e a promover operações ilícitas para ver se se mantinham privilégios e passavam entre os pingos da chuva”.

“E não é só a família. Há muita gente que dependia desse sistema e está contra mim”, acrescentou, concluindo que recuperar a reputação dos Espírito Santo seria “pagar até ao último tostão todo o dinheiro que se ficou a dever aos investidores enganados”. Ricciardi admite que essa tarefa, a concretizar-se, “será para lá da minha morte”.

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