"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
quinta-feira, 3 de março de 2016
Editorial de www.publico.pt
EDITORIAL
Corrida à Casa Branca começa a afunilar-se
DIRECÇÃO EDITORIAL
02/03/2016 - 19:21
Sete foi o número da sorte para Clinton e Trump. Os discursos começam a ajustar-se. Até o de Trump.
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A “Super Terça-Feira” é o dia das primárias nos EUA em que é eleito o maior número de delegados. Os resultados vieram confirmar que depois de uma falsa partida em Iowa, para Donald Trump, e em New Hampshire, para Hillary Clinton, os dois continuam a perfilar-se como os favoritos para serem escolhidos nas respectivas convenções.
Hillary Clinton conseguiu ganhar sete dos 11 estados que foram a votos esta terça-feira, confirmando a preferência dos afro-americanos em estados do Sul como o Arkansas, onde ela e o marido começaram a carreira política. Considerando os 457 superdelegados (uma figura que só existe nos democratas) que já lhe declararam o apoio, nesta altura Clinton contará já com 1001 dos 2383 delegados necessários para conseguir a nomeação. Tal como se suspeitava, Bernie Sanders não teve o voto das minorias, ganha no “seu” Vermont e em mais três estados, mas começa a cavar-se um fosso grande relativamente a Clinton. Nesta altura Sanders terá só 371 delegados, dos quais apenas 22 superdelegados, o que vem confirmar aquilo que já se sabia: Clinton tem o establishment, ou o aparelho do partido, e uma passadeira estendida para as eleições de 8 de Novembro.
Depois de oito anos de Barack Obama, Hillary Clinton seria a solução menos disruptiva do lado dos democratas. E por isso é que o seu discurso nesta altura já é mais sobre a “união da América” e não tanto sobre a união do partido: “Tentar dividir a América entre nós e eles é errado e nós não vamos deixar que isso aconteça”, afirmou a antiga primeira-dama.
Nos republicanos, apesar da vitória de Trump, tendo também ganho sete dos 11 estados em disputa, as contas continuam ainda baralhadas e é por isso que o discurso do multimilionário ainda não chegou à fase de apelar à união da América, mas sim à união do partido que começa a partir-se ao meio: “Eu sou um unificador. Adoraria ver o partido e toda a gente a unir-se”, afirmou.
Trump contabiliza 316 delegados (contra 226 de Cruz e 106 de Rubio), mas o chamado establishment dos republicanos continua a olhar para ele com a desconfiança de quem não vai ganhar a Clinton, pelos disparates que diz. É o caso de Paul Ryan e de Mitch McConnell, que ainda esta semana se distanciaram, porque Trump não repudiou de imediato o apoio que lhe foi dado por David Duke, ex-líder do Ku Klux Klan.
O ultraconservador Ted Cruz, apesar de ter ganho 99 delegados no seu estado do Texas, continua a não convencer os republicanos moderados, e Marco Rubio, o mais moderado e preferido do tal establishment, conseguiu até agora uma única vitória, no Minnesota. Se no dia 15 perder na Florida (onde o sistema proporcional de distribuição dos delegados é substituído pelo dowinner-takes-all), onde é senador, já pode arrumar as malas, deixando a disputa da nomeação republicana entre um ultraconservador e um outro que é racista e xenófobo.
Sanders tem razão quando diz que esta campanha não serve só para eleger um presidente. Serve para saber que América será a América no dia 9 de Novembro.
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