quinta-feira, 4 de junho de 2015

CDS=DEMOCRACIA SUSPENSA!










Que Paulo Portas possui um ascendente sobre o partido que lidera, já ninguém tem dúvidas. Liderou, abandonou a liderança e quando quis regressar o partido recebeu-o de braços abertos. Compreende-se: na história recente do “partido do táxi”, Paulo Portas rimou quase sempre com poder. Governou com Durão, transitou para o executivo hereditário de Santana Lopes e voltou à ribalta como Ministro dos Negócios Estrangeiros de Passos Coelho, a quem aplicou o truque da demissão irre
Democracia suspensa no CDS-PP?

vogável, emergindo como vice-primeiro-ministro do governo que em breve cessa funções. Pelo caminho ficou associado a inúmeros escândalos centristas, do caso Portucale aos submarinos, passando pelo estranho e mal explicado caso Jacinto Leite Capelo Rego. Sobreviveu a tudo e continua aí para as curvas.



Esta tarde porém, o “barão” centrista Ribeiro e Castro fez declarações polémicas à TSF, que não só colocam Portas como a direcção do CDS-PP em xeque. Segundo o antigo líder:


Fez-se tardiamente uma coligação que ainda não se sabe qual é o nome, que vai apresentar umas linhas programáticas que ninguém aprovou e discutiu, que também é uma coisa bizarra e estranha. Isto são erros.

A confirmarem-se estas declarações, estaremos perante uma de três hipóteses:
Paulo Portas, eventualmente rodeado por um grupo restrito de militantes próximos de si, decidiu unilateralmente sobre a parte que compete ao CDS-PP no que às linhas programáticas da coligação diz respeito, não dando cavaco ao Conselho Nacional do partido;
O CDS-PP não é tido nem achado no programa da coligação, limitando-se a aceitar um agenda imposta pelo PSD;
Ribeiro e Castro está pura e simplesmente a mentir, o que se seria estranho porque seria facilmente desmentido pelos seus parceiros.

Nenhuma das três hipóteses abona a favor do partido. No caso pouco provável de Ribeiro e Castro estar a mentir, a vergonha circunscreve-se apenas a si. Já no caso igualmente pouco provável do poder de decisão estar totalmente concentrado nas mãos do PSD, tal significa que o CDS-PP mais não é que um instrumento eleitoral nas mãos dos sociais-democratas. Mas se Portas decidiu unilateralmente, a democracia no seio do CDS-PP poderá estar em causa e assumir contornos de farsa. Estará Portas de alguma forma a obedecer à sua consciência da tal forma que tal o force a agir à revelia do partido? Não seria a primeira vez.

Amanhã serão apresentadas as bases programáticas da coligação para as Legislativas deste Outono e as dúvidas sobre o papel do CDS-PP no processo multiplicam-se. Será que contam? Ou serão apenas um “anexo” do PSD, uma espécie de PEV desta coligação? Afinal de contas, era o próprio primeiro-ministro quem há dois meses atrás tentava “vender” a um grupo de empresários que o seu partido estava pronto para avançar sozinho para as Legislativas e que há pouco mais de um mês aindamanifestava dúvidas quanto ao benefício eleitoral de ir a votos com o CDS-PP. Haja harmonia na coligação!

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