segunda-feira, 29 de junho de 2015

Poema(obra regª)















Poema:

SONS-DE-POESIA

Ligeira brisa agitava as cortinas, quando as afastei para o lado
para ver as estrelas, que brilhavam pelo céu azul gelado.

O rio desenhava, através do vale, uma vasta curva de prata líquida,
………………………tranquila e serpenteante, que, no Outono se tingia,
……………………. à hora crepuscular, de cor-açafrão-Oriente.

Da língua de areia, molhada de neblina,
………………………viam-se mastros de embarcações
………………………a elevarem-se para o céu opalescente.

Cheirava à maresia da infância,
……………………..esse odor de transparência que eu sabia
………….. viver nas minhas adormecidas canções.

A recorrente memória permite-me visões sublimes
…………………….que dão repouso à alma com que as senti vibrar
…………..neste corpo de menina, agora feito mulher.

A vida soa a silvas do vale, a pinheiros com resina,
a amoras rubras, silvestres, escondidas no matagal.
Soa a águas rumorejantes a sussurrarem por baixo da ponte
onde, amiúde, vi o céu chegar e mandar-me para o conchego
das cortinas do velho lar.
Tantas foram as vezes que a atravessei, que ‘inda hoje
lá estão marcados os pés, na dureza da velha madeira
que continua a ligar as margens.

Tudo era o fim do princípio que a vida-passou-a-ser…
…imensa e magnífica catedral que fui vendo, sem-a-entender…

Dizem que são os anjos quem sobe escadas de salvação
……………………….quando levam os homens , pela mão…

Eu subia e descia pelos meditativos atalhos do vale
………………………e , sem querer, fazia a minha peregrinação.
Calcava velhas folhas mortas de solidão,
cantando sempre o trepar das rosas pelas barreiras musgosas,
onde se instalava o odor roxo das violetas no teu olhar,
que as árvores cobriam de mistério crepuscular.

As neblinas desciam cantando para lençóis de algodão puro, entre a terra e o céu/
A poesia vinha iluminar os fantasmas do Eu-a-querer-Ser, com uma linguagem de engrandecer as sonatas do meu viver/ E quando vejo os plátanos a reverdecer, confio no som da clara madrugada onde te vou encontrar, mesmo que a teimosa chuva teime em me não deixar ouvir./

Que me resta, se perco a esperança de te ouvir, perdido na concha do poema que tenho nas minhas mãos, a surgir?

Maria Elisa Rodrigues Ribeiro
ABRIL/014

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