quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Poesia



A poesia de José Tolentino Mendonça (1965- ): in Net




A Noite Abre Meus Olhos




Caminhei sempre para ti sobre o mar encrespado
na constelação onde os tremoceiros estendem
rondas de aço e charcos
no seu extremo azulado


Ferrugens cintilam no mundo,
atravessei a corrente
unicamente às escuras
construí minha casa na duração
de obscuras línguas de fogo, de lianas, de líquenes

A aurora para a qual todos se voltam
leva meu barco da porta entreaberta

o amor é uma noite a que se chega só

José Tolentino Mendonça, in 'A Estrada Branca'

Sem comentários:

Enviar um comentário