quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Poema meu








RUMORES POÉTICOS





Não visto de seda, chita ou cetim. Visto-me da tua ausência, com um manto de pesadelos que fogem apressados, quando encontram os sonhos que não vivemos, na fugaz passagem pelo Passado. Tanta era a pressa de chegar a lugar Nenhum, que o que sabemos hoje é mais que a certeza de não os termos vivido. Rebentam saudades como botões a despontar, em cada Primavera, de onde não podem fugir. Tenho medo que os ventos que abanam as flores, roube o pólen que pode florir, em cantos de um jardim onde eu não possa estar. Vivemos tantos momentos que esquecemos de apanhar, que a Esperança se alheou das estradas, onde temos que caminhar.

Na ponta dos meus dedos está o raiar das auroras d’Outrora…está o sabor a sal das conchas da beira-mar…está o orvalho caído, nas noites de árvores sedentas, dessas gotas- de- viver…

Está, enfim, o poema triste da tua ausência que tive que vestir, embrulhado em palavras a doer, feridas de enlouquecer, pela imagem amarelada do velho relógio, que não para de bater…

Tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac-tic-tac…





Maria Elisa Rodrigues Ribeiro





Abril/014

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