quarta-feira, 23 de julho de 2014

História de Portugal--O Rei D. João V, "O Magnânimo"----através de Wikipédia


João V de Portugal
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Dom João V

Rei de Portugal

D. João V em 1707, por Pompeo Batoni
Governo
Reinado 09 de dezembro de 1706
31 de julho de 1750
Coroação 1 de janeiro de 1707, Lisboa
Consorte D. Maria Ana de Áustria
Antecessor D. Pedro II
Herdeiro D. José I (filho)
Sucessor D. José I
Casa Real Bragança
Dinastia Bragança
Títulos O Magnânimo
Vida
Nome completo João Francisco António José Bernardo
Nascimento 22 de Outubro de 1689
Lisboa, Portugal
Morte 31 de Julho de 1750 (60 anos)
Lisboa, Portugal
Sepultamento Panteão dos Braganças,Lisboa
Filhos D. Maria Bárbara
D. Pedro
D. José I
D. Carlos
D. Pedro III
D. Alexandre
D. António
D. Gaspar
D. José
D. Maria Rita
D. Joana
Pai D. Pedro II
Mãe D. Maria Sofia de Neuburgo


Dom João V de Portugal, o Magnânimo (22 de Outubro de 1689—31 de Julho de 1750), foi o vigésimo-quarto Rei de Portugal desde 1 de Janeiro de 1707 até à sua morte.

O seu longo reinado de 43 anos foi o mais rico da História de Portugal, profundamente marcado pela descoberta de ouro no Brasil no final do século XVII, cuja produção atingiu o auge precisamente na última década do seu reinado.

A primeira e última década do reinado foram marcadas por guerras: 1) a Guerra da Sucessão Espanhola, que levara à tomada de Madrid em 1706, e levou à Batalha de Almansa no primeiro ano do seu reinado, e ainda a combates em África, na América, e na Ásia contra os franceses; 2) mais tarde as campanhas navais contra os turcos no Mediterrâneo, que levaram à vitória na Batalha de Matapão em 1717; e ainda 3) as guerras que Portugal ao mesmo tempo travava no Oriente, na Arábia e na Índia, contra estados asiáticos, nomeadamente contra o Império Marata e os árabes de Omã.

O longo reinado de D. João V pode de certo modo dividir-se em dois periodos: uma primeira metade em que Portugal teve um papel activo e de algum relevo na política europeia e mundial, e uma segunda metade, a partir da década de 1730, em que a aliança estratégica com a Grã-Bretanha gradualmente assumiu maior importância, e o reino começou a sofrer uma certa estagnação.

Como rei, D. João V sempre tentou projectar Portugal como uma potência de primeira grandeza, principalmente nas primeiras décadas do reinado. Exemplos disso são as faustosas embaixadas que por motivos vários enviou a Leopoldo I, Sacro Imperador Romano-Germânico em 1708, a Luís XIV da França em 1715, ao Papa Clemente XIem 1716, ou ainda ao Imperador da China em 1725. Outro exemplo foi o litígio que manteve com a Santa Sé na década de 1720, sobre a questão do cardinalato a atribuir ao núncio apostólico na capital portuguesa.

D. João V foi um grande edificador, e dotou principalmente a capital portuguesa de numerosas construções. Fomentou o estudo da história e da língua portuguesa, mas falhou em melhorar de forma significativa as condições da manufactura em Portugal; e gastou a maior parte da sua riqueza nos edifícios que construiu. Por ironia do destino, a maior parte deles desapareceria pouco depois da sua morte, no grande Terramoto de 1755. Os principais testemunhos materiais do seu tempo hoje são, em Portugal, o Palácio Nacional de Mafra, a Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, o Aqueduto das Águas Livres em Lisboa, e a principal parte da colecção doMuseu Nacional dos Coches, talvez a mais importante a nível mundial, também na capital portuguesa. No campo imaterial, merece destaque a extinta Academia Real da História Portuguesa, precursora da actual Academia Portuguesa da História, e ainda a criação do Patriarcado de Lisboa, um dos três patriarcados do Ocidente da Igreja Católica.

O último feito diplomático do reinado de D. João V, o Tratado de Madrid de 1750, estableceu as fronteiras modernas do Brasil. Vestígios do seu tempo no Brasil são cidades como Ouro Preto, então a capital do distrito do ouro das Minas Gerais, São João del-Rei, assim nomeada em sua honra, Mariana, que recebeu o nome da rainha,São José, a que foi dada o nome do príncipe herdeiro (hoje Tiradentes), e numerosas outras cidades, igrejas e conventos da era colonial.



Índice [esconder]
1 Resumo biográfico
2 Início do Reinado
2.1 O ouro do Brasil
2.2 Guerra da Sucessão Espanhola
2.2.1 Batalha de Almansa e reformas militares
2.2.2 Casamento
2.2.3 O saque do Rio de Janeiro
2.2.4 A paz: Tratado de Utrecht
3 Poder global: guerras no Oriente
3.1 Batalha de Surate
4 Política de ostentação: as embaixadas a Paris e Roma
5 Triunfo de política externa: Batalha de Matapão
6 Relacões internacionais, 1720-1750
6.1 Relações com a Santa Sé e a China
6.1.1 A questão dos Ritos Chineses
6.1.2 A questão do cardinalato de Bichi
6.2 Relações com a Espanha e a Grã-Bretanha
6.2.1 Um incidente em África
6.2.2 A Troca das Princesas
6.2.3 A campanha do Rio da Prata
6.2.4 O Tratado de Madrid
6.3 Relacões internacionais na Índia
6.3.1 A perda da Provincia do Norte
6.3.2 As Novas Conquistas
7 Sociedade
7.1 Panorama cultural
7.1.1 Projectos arquitectónicos
7.1.2 Produção literária
7.1.3 Produção artística e científica
7.2 A Nobreza
7.2.1 Contenção nobiliárquica
7.3 A Igreja e a Inquisição
7.3.1 Limpeza de sangue
7.3.2 Censura literária
7.4 Manufacturas e Pragmáticas contra o luxo
7.5 Emigração para o Brasil
8 Saúde e morte do rei
9 Legado
10 Descendência
10.1 Descendência legítima
10.2 Descêndencia ilegítima
11 Referências
12 Bibliografia
13 Ver também


Resumo biográfico[editar | editar código-fonte]

Lisboa, capital à beira-rio de um vasto império ultramarino que conheceu novo esplendor com D. João V, antes do Terramoto de 1755. Ao centro vê-se o torreão do palácio real, o Paço da Ribeira, onde nasceu e morreu D. João V.

D. João V nasceu em 22 de Outubro de 1689 em Lisboa, à beira do rio Tejo no Paço da Ribeira, e morreu no mesmo lugar em 31 de Julho de 1750. Encontra-se sepultado no Panteão dos Braganças, na Igreja de São Vicente de Fora, na mesma cidade.

O rei era filho de D. Pedro II e de D. Maria Sofia, condessa palatina de Neuburgo. Tinha apenas um ano de idade quando por morte de seu irmão mais velho foi proclamado príncipe herdeiro de Portugal a 30 de Agosto, em acto solene na presença da Corte. Foi jurado Príncipe do Brasil a 1 de Dezembro de 1697, e por morte de seu pai tornou-se o 24.º rei de Portugal a 9 de Dezembro de 1706. Subiu ao trono, solenemente aclamado, no dia 1 de Janeiro de 1707. De notar que segundo a tradição iniciada por seu avô D. João IV aquando daRestauração, não foi coroado, coroando-se em vez com a coroa real uma estátua de N. Sr.a da Conceição como Padroeira do Reino.

Em 1696 o Príncipe do Brasil foi armado cavaleiro da Ordem de Cristo por seu pai. Na sua infância teve como tutora a tia-avó, a rainha D. Catarina de Bragança, esposa de Carlos II de Inglaterra, que depois de enviuvar regressara a Portugal, e assumiu a responsabilidade pela educação do jovem príncipe herdeiro. Depois de subir ao trono, D. João V casou em 1708 com Maria Ana de Áustria, filha do imperadorLeopoldo I da Áustria e irmã do seu aliado na Guerra da Sucessão Espanhola. O casal teve seis filhos, foi sucedido por um deles, D. José I.

Como qualquer monarca à época, D. João V estava interessado em fortalecer o prestígio internacional do seu reino. Ao longo de todo o seu reinado, mas principalmente nas duas primeiras décadas, D. João V sempre tentou afirmar Portugal como uma potência de primeiro plano, usando para isso as duas linguagens da época em que vivia: a das armas, e principalmente, no seu caso, a magnificiência típica da era doAbsolutismo. Ganhou por isso o cognome de Magnânimo; é também por vezes conhecido como o Rei-Sol português. Nos últimos anos de vida sofreu vários ataques de paralisia, que o debilitaram no governo. Não obstante a sua vida pessoal incluir conhecidas relações com várias freiras ao longo da vida, das quais teve vários filhos ilegítimos, receberia ainda do Papa o titulo honorífico de Fidelissimus em 1748.

Uma avaliação moderna resume sobre D. João V:


“[...] era senhor de uma vasta cultura, bebida na infância com os Padres Francisco da Cruz, João Seco e Luís Gonzaga, todos da Companhia de Jesus. Falava línguas, conhecia os autores clássicos e modernos, tinha boa cultura literária e científica e amava a música. Para a sua educação teria contribuído a própria mãe, que o educou e aos irmãos nas práticas religiosas e no pendor literário [...] Logo na cerimónia da aclamação se viu o Pendor Régio para a Magnificência. Era novo o cerimonial e de molde a envolver a figura de Dom João V no halo de veneração com que o absolutismo cobria as Realezas.”1
Início do Reinado[editar | editar código-fonte]

Villa Rica de Ouro Preto, no distrito mineiro no Brasil. A vila foi elevada a capital da nova capitania das Minas Gerais em 1720.
O ouro do Brasil[editar | editar código-fonte]

Nenhum acontecimento marcaria tanto o reinado de D. João V como o achado de ouro numa remota região do interior do Brasil em meados da década de 1690, quando ele era ainda Príncipe do Brasil. O ouro mineiro começou a chegar a Portugal ainda no final dessa década. Em 1697, o embaixador francês Rouillé mencionou a chegada de ouro "peruano", citando 115,2 kg. Dois anos volvidos, em 1699, teriam chegado 725 kg de ouro a Lisboa; e em 1701 a quantidade terá já aumentado para 1785 kg. A economia da colónia entrava no chamado ciclo do ouro, e a exploração do ouro do motivaria, logo no início do seu reinado, os conflictos de 1707-1709 na região das minas conhecidos como a Guerra dos Emboabas.

Desde então, a quantidade de ouro minado no Brasil continuou a aumentar durante a primeira metade do reinado, para se estabilizar na última década do mesmo. Apenas no reinado seguinte comecou a produção aurífera a declinar, o que, juntamente com o Terramoto de 1755, seria desastroso para Portugal. Mas enquanto D. João V vivia não se adivinhavam problemas futuros: certos anos chegaram mais de vinte toneladas de ouro a Lisboa, e em valores médios, todos os anos durante o seu longo reinado entravam em Portugal mais de oito toneladas de ouro do Brasil. E na década de 1720 foram ainda encontrados diamantes em grandes quantidades, na região da vila colonial hoje chamada Diamantina.
Guerra da Sucessão Espanhola[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Guerra da Sucessão Espanhola

O arquiduque Carlos da Áustria, depois de 1711 Imperador Carlos VI, aliado e cunhado de D. João V, retratado durante a guerra em 1707.

Quando se iniciou o Reinado em 1707, estava-se em plena Guerra da Sucessão Espanhola (1701-1714), uma guerra que D. João V herdou de seu pai. Nesta, depois doTratado de Methuen de 1703, Portugal alinhara com a rainha Ana da Grã-Bretanha e Leopoldo I, Sacro Imperador Romano-Germânico contra a Espanha e a grande potência continental, a França. Uma grande armada anglo-holandesa tinha chegado a Lisboa em 1704, com o filho do imperador, o arquiduque Carlos a bordo e um exército para, juntamente com tropas portuguesas, invadir Espanha via Portugal. No contexto da invasão que se preparava na Península, tinha-se evacuado a praça da Colónia do Sacramento, no Rio da Prata em frente a Buenos Aires, em 1705.2

Em 1706, o ano antes de subir ao trono, Portugal viu o seu exército, comandado pelo Marquês das Minas e auxiliado por batalhões ingleses e holandeses às ordens do Conde de Galway, invadir a Espanha, pela fronteira de Ciudad Rodrigo. O exército confederado tomou depois Salamanca na sua marcha a caminho da capital de Espanha. Em Junho Portugal tinha conquistado Madrid para o arquiduque Carlos ― a primeira e única vez na história que um exército português tomou a capital espanhola. O arquiduque chegou a ser coroado Rei de Espanha, mas o exército confederado viu-se forçado a retirar para sul pouco depois.
Batalha de Almansa e reformas militares[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Batalha de Almansa

Quando o Rei subiu ao trono o exército português estava na Catalunha, ainda comandado pelo Marquês das Minas e apoiado por tropas inglesas e holandesas ao mando de Galway. Mas ao fim de longas manobras que o levaram muito para sul, travou-se uma importante batalha a 25 de Abril de 1707 em Almansa, na fronteira entre La Mancha,Valencia e Murcia, contra o exército franco-espanhol do Duque de Berwick. Na Batalha de Almansa, a sorte não esteve do lado das armas portuguesas, e o exército anglo-luso sofreu uma pesada derrota contra as forças franco-espanholas. No seguimento, a vila fronteiriça espanhola de Valência de Alcântara foi reconquistada pelo inimigo, que ainda, às ordens do Duque de Ossuna, atacou a fronteira do Alentejo e conquistou Serpa e Moura um mês depois.

D. João V aproveitou esta derrota para realizar importantes reformas na administração e no exército. No dia da sua aclamação, a 1 de Janeiro, tinha já nomeado D. Tomás de Almeida, bispo de Lamego e futuroPatriarca de Lisboa, para o importante cargo de escrivão da puridade. Três dias depois da derrota, despediu vários velhos conselheiros de D. Pedro II, e nomeou Diogo de Mendonça Corte-Real Secretário de Estado.

Pormenor de uma pintura da Batalha de Almansa em 1707.

Simultaneamente, deu-se início a uma reforma do exército, que teria como resultado as Ordenações Militares de 1707, em que os velhosterços foram transformados em modernos regimentos e o velho posto de mestre de campo passou a ser designado coronel. De forma semelhante, o velho Terço da Armada da Coroa de Portugal, a mais antiga unidade militar permanente de Portugal (1618), foi transformado em dois Regimentos da Armada.

Ainda no mesmo ano, e tambem como resultado da guerra em que o reino se encontrava, a Aula de Fortificação e Arquitetura Militar foi transformada na Academia Militar da Corte. Esta era apenas uma de várias “aulas” em Portugal e no Ultramar; poucos anos antes, tinham sido criadas várias aulas semelhantes, em Viana do Castelo (1701), e, no Brasil, em Salvador (Bahia) (1698), no Rio de Janeiro (1698), noRecife (Pernambuco) (1701) e em São Luís (Maranhão) (1705).

D. João V quis assim promover os estudos militares, assistindo pessoalmente a actos solenes dos exames, e mandando ainda traduzir e imprimir algumas obras de fortificação e artilharia ― como por exemplo a Fortificação Moderna, do contemporâneo Johann Friederich Pfeffinger (1667-1730). Mais tarde, em 1732, estabeleceria ainda academias militares nas duas principais praças fronteiriças de Portugal:Elvas, no Alentejo, e Almeida, nas Beiras.

O final do ano foi no entanto marcado por mais um revés para as aspirações militares portuguesas, quando uma grande frota inglesa de perto de cento e cinquenta embarcações, que trazia reforços para Portugal depois da derrota de Almansa e vinha escoltada por seis naus de guerra inglesas, foi desbaratada perto do Cabo Lizard pelas esquadras francesas de Duguay-Trouin e do contra-almirante conde de Forbin.
Casamento[editar | editar código-fonte]

Maria Ana de Áustria, irmã do Imperador Carlos VI e Rainha de Portugal, em 1708.

Como resultado da Guerra da Sucessão Espanhola e da aliança com a Áustria, e ainda da presença do Arquiduque Carlos em Portugal, D. João V pediu a mão de sua irmã, aarquiduquesa Maria Ana de Áustria, filha do imperador Leopoldo I (1640-1705) e de sua terceira mulher, em casamento em 1707. De notar que a arquiduquesa era prima materna do rei de Portugal.

O Conde de Vilar Maior foi enviado por mar como embaixador extraordinário à corte austríaca. Chegando aos Países Baixos, fez então o percurso por terra até Viena, onde chegou a 21 de Fevereiro de 1708. Mas o embaixador apenas fez entrada pública a 6 de Junho, dia de Corpus Domini, porque esperava coches de gala encomendados nos Países Baixos para a ocasião.3 Antes de fazer a entrada pública, o conde recebeu audiência particular do imperador, da imperatriz sua mulher e da imperatriz viúva; dias depois também lhe foi concedida audiência das arquiduquesas. A imponente cerimónia da apresentação contou com dois coches do imperador, conduzidos pelo marechal da corte, e mais quarenta e dois coches, tirados a seis cavalos, pertencentes aos principais nobres da corte. O casamento realizou-se a 9 de Julho, na Catedral de Santo Estêvão, com o imperador a representar D. João V. A nova rainha de Portugal foi então trazida a Lisboa a bordo da armada de catorze naus do Conde de Vilar Maior, que no caminho tocou em Portsmouth na Inglaterra, onde houve festejos em honra do casamento do rei aliado.

Chegada a rainha a Lisboa, houve fogos de artifício no Terreiro do Paço, e armou-se um anfiteatro, onde em três tardes sucessivas se realizaram corridas de touros. Houve ainda preparações extraordinárias para a bênção nupcial, a 28 de Outubro, com arcos de triunfo e enorme magnificência, e toda a Corte sofreu uma profunda alteração:


“Capela sob D. João IV, cavalariça sob D. Afonso VI, mosteiro sob D. Pedro II, a corte de D. João V surgiu, nova, e se formaram dois partidos; o da moda nova, chefiado pelo Conde da Ericeira, homem elegante e jovial que queria que as senhoras se deixassem ver e conversassem nas antecâmaras, que jogassem e bailassem; e o da moda velha, pelo Conde de Vimioso, azedo e formalista, devoto e taciturno, o lar igual a um mosteiro, a virtude igual a clausura, a mulher igual ao diabo; pregando retiro, silêncio e recato e detestando o comércio entre senhoras e cavalheiros. No dia de São Carlos [4 de Novembro], as salas dos Tudescos, dos Embaixadores e dos Leões se abriram e inundaram de luz, enchendo-se de panos de rás, as damas entraram aos bandos, tímidas, acanhadas, pois pela primeira vez desde D. Manuel homens e mulheres se cortejaram nas salas do Paço. A rainha tocou cravo; dançou a infanta D. Francisca, gorda, corada e empoada. Desde esse dia, houve profunda modificação na moral da Corte, sedução, graça, elegância, intriga.”4

O resultado deste casamento, e destas festas, logo se fez sentir: a 10 de Novembro do mesmo ano o Conde da Ribeira Grande escreveu em carta a D. Luís da Cunha: “Houve um baile no dia de São Carlos em que dançaram e cantaram as Damas do Paço na presença de Damas e Fidalgos; El-Rei está teimando em estrangeirar o nosso país e não sei até onde acabará.”

O casal real teve seis filhos, entre os quais a rainha de Espanha D. Bárbara, esposa de Fernando VI de Espanha, o sucessor D. José, e D. Pedro III, marido de D. Maria I.

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