segunda-feira, 28 de julho de 2014

MINISTÉRIO PÚBLICO APERTA O CERCO...



MP aperta cerco a alvos da operação “Monte Branco”.

A investigação "Monte Branco", que envolve a maior rede de fraude fiscal e branqueamento de capitais detectada em Portugal, estará a apertar o cerco aos alvos que estão na mira do inquérito a decorrer no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).

O Diário Económico sabe que, no final da semana passada, os investigadores terão intensificado as escutas telefónicas a vários suspeitos, após as diligências do Ministério Público (MP) que contaram com a colaboração de inspectores tributários. A acção judicial, na quarta-feira passada, resultou na apreensão de computadores portáteis, documentos relacionados com instituições do GES e de outras instituições que "serviram de passagem" no âmbito dos fluxos financeiros em análise na Justiça, tendo ainda os investigadores efectuado a cópia de discos rígidos de computadores.

O Diário Económico sabe que a intensificação das investigações poderá passar por mais diligências e intensificação de escutas telefónicas. Recorde-se que, neste processo, constam já seis escutas telefónicas em que intervém Passos Coelho. Em causa estão conversas entre o primeiro-ministro e o presidente do BESI , José Maria Ricciardi, reveladas em 2012. As escutas relacionam-se com as privatizações da REN e da EDP, levando o MP a investigar uma alegada tentativa de pressão do banqueiro.

O apertar do cerco dos investigadores surge agora depois de o MP ter alegadamente obtido elementos de prova por via da cooperação judiciária internacional no âmbito da operação "Monte Branco", tendo, diz a PGR, recolhido novos indícios que justificaram as buscas que levaram à detenção de Ricardo Salgado na quinta-feira. Após interrogatório, o ex-presidente do BESsaiu sob caução de três milhões e com a proibição de sair de Portugal e de contactar outras pessoas.

Na mira do MP está, segundo o "Correio da Manhã" (CM), a venda da ESCOM a uma ‘offshore' ligada a Álvaro Sobrinho, a Newsbrok, numa teia de transacções que estão a ser analisadas à lupa. As verbas terão partido do BES Angola, então liderado por Sobrinho, e alegadamente tiveram como destino contas de Salgado e Amílcar Morais Pires, ex-CFO do BES. Às contas de Salgado no Credit Suisse de empresas com sede no Panamá (a Savoices) terão chegado, diz o CM, 11 milhões de dólares por via do empresário da construção José Guilherme - que terá servido apenas como ponto de passagem do dinheiro - e quatro milhões de euros por via de uma sociedade do GES.

As operações das sociedades controladas pelo GES estão, além de Portugal, a ser investigadas ou sob a intervenção das autoridades de regulação, de pelo menos, cinco países: Suíça (onde o Banque Privée foi usado para vender o papel comercial que serviu de financiamento a sociedades do GES, tendo parte do negócio sido comprada este mês pelo banco suíço CBH para defender os interesses dos clientes da Península Ibérica e América Latina), Luxemburgo (intervenção estende-se aos pedidos de protecção feitos pela ESI, Rioforte e ESFG), Estados Unidos (onde o regulador financeiro se encontra a fazer uma auditoria ao ES Bank Miami para alegadamente investigar operações realizadas no Panamá e Venezuela) e Panamá (onde o regulador bancário assumiu o controlo da filial ES Bank).

Sem comentários:

Enviar um comentário