sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Texto em Prosa Poética de MINHA AUTORIA







 Texto em PROSA POÉTICA.

AUTORA: Maria Elisa Ribeiro
QUANDO A PROSA ME INVADE A POESIA
(O RIO DO TEMPO)
O afogueado rio do Tempo corre, desalmadamente, dentro de um leito de mazelas, de desastres, de injustiças, caos e mentiras.
Só tem uma certeza: a de que corre, escorrendo pelas vidas, sem olhar para trás.
Vou com ele, sempre com a tentação de parar para amaciar a face rosada, a terra de sementes escondidas, o brilho lindo da cor perfeita das borboletas.
Páro à beira-mar, molho os pés e brinco na areia dourada, e só dou pelo Tempo, quando ele já não dá para nada.
Concentro-me e relembro todas as palavras que o mar me ditou:”ondas, tempestades, rotas para o reino de Prestes João,”...sal de lágrimas...tempos de perdição...
O Tempo é pródigo ( no permitir todas estas distracções), mas mantém intacto o espelho da verdade-nas-recordações.
Que contas lhe prestarei, de quando subi a “colina” e me perdi a admirar o Outono, que se anunciava pelas folhas, que deixava cair?E que contas da Primavera a passar, florindo-me o olhar com pétalas de rosas vermelhas e violetas a rebentar?E do Verão em que pus os pés no rio a fumegar sóis tão escaldantes que nem deixavam a alma respirar? E do Inverno em que a neve vidrou os campos, sem me deixar correr para ver o passarinho, com frio e fome de não poder aguentar?
No largo da igreja matriz sobressaem ainda, tanto o toque dos sinos como a enorme cruz perto da torre do relógio.
Quanto Tempo passou, desde que fui petiz no meu pequeno sacrário, tornado agora, tantas vezes, num enorme calvário?
©Maria Elisa Ribeiro
JAN/021

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