sábado, 5 de outubro de 2024





 PALAVRAS PINGO DE MEL

São verdes as tintas com que escrevo
as ervas vivas dos campos,
as folhas das árvores de onde as letras
me chamam,
cantando, para olhar
as constelações de sílabas que
provocam o gritar das palavras do meu poema.
Se o verde é Esperança,
espero vê-lo modelado
numa chuva de folhas
com que um pintor impressionista
me cobre o corpo,
típica tela do meu poema esverdeado.
Falo e deixo cair uma palavra rubra
no meu dia que tem a forma de um rio
onde, a deslizar,
bebo a água das águas
que fizeram minha infância de profecias,
vividas como a deste Presente que passou,
de repente, a Passado.
Olho a tela da Esperança...
Vejo-me num campo de milho maduro,
pertinho de uma figueira onde as Palavras
sabem a figos de pingo-mel dourado,
a dar vida ao solo de sementes afogado.
©Maria Elisa Ribeiro
Todos os Direitos Reservados
JNH/2021

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