POEMA

BREVES-AS LUZES

as luzes alegram o íntimo espaço familiar

quando brilham os vidros e

ao mesmo tempo

perdura no ambiente exterior o rastro do magestoso poente.

apesar desse rastro grandioso e eloquente, soa ao longe

o bater-asas dos pássaros e dos minúsculos insectos;

*ouve-se

o grasnar dos patos-patolas, o meio roncar dos albatrozes,

o rugir do mar no cume das ondas a bater falésias.*

contudo, a solidão nua e crua, perdura na sala onde nos abrigamos

e onde,

ao longe, por cima de tudo,

se ouvem os passos das caravanas de nuvens

a atravessar os mares verde-azulados*

reparo numa frágil e radiosa estrela,

que se estende langorosa

no firmamento azul*.

conversamos baixinho, para que os pequenos insectos não se amedrontem

com rumores e murmúrios e

nos abandonem

deixando-nos sós no ar

que respiramos*.

*Luzes de milhentas estrelas fazem-nos companhia, nesta hora tardia

da Vida a acontecer...

©Maria Elisa Ribeiro

Abl/2023