quarta-feira, 29 de junho de 2016

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21/06/2016


Ana Sá Lopes
Política

ana.lopes@ionline.pt


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Inquérito à CGD: o fogo na pradaria dá jeito a quem?


Passos Coelho precisava de recuperar a iniciativa política. Mas ninguém pensou que fosse para voltar a um seu antigo desígnio: a privatização da Caixa Geral de Depósitos


A Caixa Geral de Depósitos, como se sabe, foi bastante malgovernada nos últimos anos. Viveiro de ex-políticos e de comissários políticos do regime (o antigo arco da governação), serviu para algumas funções que não estariam no seu objeto. Passos Coelho, enquanto primeiro-ministro, estava a par do que se passava na Caixa Geral de Depósitos - as auditorias realizadas durante o seu mandato apontavam já para a existência de “créditos problemáticos”. A troika, já se sabe, passou por lá e não viu nada ou muito pouco - como não viu no BES, no BCP, no Banif e demais instituições bancárias. A forma como a troika decidiu lidar com o sistema financeiro português (ao contrário do que fez com os funcionários públicos) mereceria um grande capítulo quando se fizer a história desses anos.


Se a gestão da Caixa - atual e passadas - justificava uma investigação aprofundada, provavelmente com a assessoria do Ministério Público, a criação de uma comissão parlamentar de inquérito ao banco público português é uma forma de atear fogo numa pradaria já bastante incendiada, a do sistema financeiro português.


Vamos assistir, em direto e ao vivo, no canal Parlamento, ao maior lavar de roupa suja de que há memória - e esse banco está em pleno funcionamento. Não é o BPN, nem o Banif, cuja culpa sobre o estado a que chegou o PSD endossou a uma notícia da TVI. Vamos ter agora biliões de notícias - do género daquela que foi divulgada pela TVI - patrocinadas pelo PSD, que forçou a existência da comissão parlamentar de inquérito. E no que costumam dar essas “notícias”? O risco da desvalorização completa de um banco já em crise, do aumento da desconfiança, já pouca, no sistema bancário nacional, é uma coisa em que o PSD não pensou. Ou então pensou.


Passos Coelho precisava de recuperar a iniciativa política. Mas ninguém pensou que fosse para voltar a um seu antigo desígnio: a privatização da Caixa Geral de Depósitos. A comissão de inquérito parece ser o primeiro passo para chegar a esse objetivo.

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