Turquia recusa acolher migrantes rejeitados pela UE
A Turquia é ponto de passagem para muitos migrantes e refugiados que se deslocam de zonas de conflito no Médio Oriente para a União Europeia.
| REUTERS/YANNIS BEHRAKIS
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"A Turquia não é um campo de concentração", disse o primeiro-ministro
O primeiro-ministro turco, o islâmico-conservador Ahmet Davutoglu, afirmou hoje que a Turquia rejeita acolher de forma permanente os migrantes que a União Europeia (UE) não quer, frisando que aquele país "não é um campo de concentração".
"Não podemos aceitar um acordo como: 'Dê-nos o dinheiro e eles podem ficar na Turquia'. A Turquia não é um campo de concentração", disse Davutoglu, durante uma entrevista ao canal de televisão A Heber, após uma visita da chanceler alemã, Angela Merkel, à Turquia.
"Disse isto a [Angela] Merkel. Ninguém deve esperar que a Turquia se transforme num campo de concentração, onde irão ficar todos os refugiados", reforçou o chefe do Governo turco.
No entanto, Ahmet Davutoglu concordou que "a imigração ilegal deve ser devidamente mantida sob controlo e, portanto, serão estabelecidos mecanismos conjuntos" para conter o fluxo sem precedentes de sírios e de outros migrantes que fogem de conflitos, perseguições e da pobreza.
A Turquia é o principal ponto de partida de vários milhares de migrantes que pretendem entrar na Europa. A maioria tenta fazer a travessia marítima, curta mas perigosa, até às ilhas gregas, mas também existem alguns que se aventuram por trajetos terrestres.
As autoridades turcas já receberam oficialmente no seu território 2,5 milhões de refugiados, incluindo 2,2 milhões sírios.
Na quinta-feira, a Comissão Europeia (CE) anunciou ter chegado a acordo com a Turquia sobre um "plano de ação comum" para as migrações.
Na altura, o executivo comunitário afirmou que o plano previa o relançamento das conversações sobre a candidatura de adesão da Turquia à UE, o aceleramento das negociações sobre os vistos europeus para os cidadãos turcos e uma ajuda financeira.
Em troca, Ancara assumia o compromisso de acomodar mais refugiados, nomeadamente sírios, e de reforçar a vigilância das suas fronteiras, precisou então a CE.
No dia seguinte, a Turquia afirmou que o plano anunciado pelo executivo comunitário era simplesmente um "projeto" que precisava de ser trabalhado, acrescentando ainda que o orçamento proposto por Bruxelas era "inaceitável".
"Falámos de três mil milhões de euros (cerca de 3,4 mil milhões de dólares) como 'dinheiro fresco', mas não é uma quantia fixa. As nossas necessidades [financeiras] podem aumentar", disse, na mesma entrevista, Davutoglu.
Durante uma visita à Turquia no domingo, Angela Merkel saudou os esforços feitos por Ancara para acolher os refugiados sírios e prometeu "revitalizar" o processo da candidatura turca à UE, pendente há vários anos.
"As discussões sobre esta matéria são muito promissoras e vão continuar", declarou a líder alemã, depois de um encontro com o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
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