PÁLPEBRAS DA NOITE
Estala, rósea, a madrugada próxima.
A noite, lentamente foi passando
a lembrar-me de tudo o que Foi-no-que-Fui.
A rósea madrugada que estala na vidraça
é mais um dia ganho no dia que se vai perder.
Descerradas as pálpebras, o sol põe o mundo a sorrir
nas aves que rodopiam, nos rios que rumorejam
nos mares que revolteiam nas ondas de espuma.
O escuro crepúsculo fecha as portas do sol
e abre os portões largos da noite escancarada ao mundo…
…ao mundo que sorri para dentro ao ver aves a descansar…
árvores caladas a sossegar…águas de arroios prestes a adormecer…
Essa é a hora em que convido a noite para a minha cama…
…cama em que dói a tua ausência nos meus braços…
…braços que me ouvem gritar muda contra um silêncio
ferido, ao qual responde, somente, uma rósea madrugada.
Maria Elisa Ribeiro
OUT/2015
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