"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
Campanha eleitoral-Portugal!
O lovely Coelho só consegue "Passistão" debaixo de teto
por Rui Pedro AntunesHoje32 comentários
Passos Coelho soube ouvir as pessoas, os seus problemas e histórias numa visita à Santa Casa da Misericórdia de Resende. Nos contactos de rua não foi tão genuínoFotografia © Gerardo Santos / Global Imagens
A coligação continua a encher pavilhões, mas sem entusiasmar na rua. Passos, de crucifixo no bolso, com "fé" nas pessoas e na maioria.
Passos Coelho pôs a mão ao bolso e mostrou o crucifixo na palma da mão. O primeiro-ministro disse ter "muita fé nas pessoas" e ao longo do dia seguiu religiosamente o pedido dos últimos dias: maioria absoluta. Numa visita à Santa Casa da Misericórdia de Resende, o líder do PSD disse que não ia largar a imagem até "sexta-feira, quando chegar a casa e arrumarei as coisas da campanha e todas as outras". Primeiro falta arrumar o PS e ontem foi dia de "Passistão" em Viseu, pelo menos dentro de portas.
Na capital de um distrito laranja, Passos conseguiu encher um pavilhão com cerca de quatro mil pessoas ao jantar (uma delas o ex-presidente da Câmara do Porto Rui Rio), mas na rua voltou a não demonstrar força. Em Lamego, a exuberância do contacto com a população ficou-se pelos saltos de pandeiretas de uma tuna e de uma bolha de gente em torno do primeiro-ministro. O almoço, concorrido, foi dentro de portas, mas num hotel de uma autarquia que noutras campanha teve comícios cheios de gente.
Ao final da tarde, pelas ruas da capital do distrito, voltou a não sentir-se força nas ruas, com Passos Coelho sempre no seu passo apressado, de sprinter, que contrasta com a denominada "maratona" da coligação. O ex-autarca da cidade, Fernando Ruas, tentava justificar o facto de haver menos mobilização do que noutros anos: "Não vale a pena esconder que há um distanciamento das pessoas da política, que é notório, mas isto vai encher."
Já debaixo de teto, a coligação tem conseguido grandes eventos e Passos mostra um à-vontade que vai para além da pose de Estado. De manhã, na Santa Casa de Resende, Passos deu tempo às pessoas, deu--lhes a mão e deteve-se a conversar com elas sobre os problemas. O estilo foi lovely (amoroso), como o definiu uma social-democrata na noite anterior em Coimbra.
Augusta Lopes, 51 anos e militante pelo PSD-Arganil, esteve no multiusos jantar-comício com uma T-shirt com letras garrafais que dizia "Lovely" acompanhadas da imagem de um coelho. Ao DN explicou que era do PSD "desde o Sá Carneiro".
Sobre a T-shirt, antecipa-se a filha, Edite Lopes (militante da JSD), de 25 anos: "Fui eu que lhe ofereci." Já Augusta Lopes explica que a usou no jantar porque "tem graça, e ele é amoroso". E, após uns encontrões até conseguiu chegar à fala com Passos, com direito a autógrafo. "Era o que faltava, vir aqui e não beijar o Passos era como ir a Roma e não ver o Papa", contou ao DN.
PAFistão ou Passistão?
Mas voltemos ao dia de ontem: aquele em que a definição de "Cavaquistão" para Viseu foi ameaçada e expôs uma picardia entre PSD e CDS. A coligação é uma, mas os partidos são dois. Nos eventos contam-se os guardanapos, os tempos dos discursos, equilibram-se os oradores, mas as diferenças notam-se. Passos e Portas estiveram de acordo em pedir uma maioria absoluta, mas não deixaram de protagonizar uma pequena querela ao almoço em Lamego.
A máquina da coligação tem sido cuidadosa: seja Portas a esperar por Maria Luís Albuquerque numa ação em Setúbal, a respeitar a hierarquia ou a contagem de guardanapos (na terça-feira, em Coimbra, as mesas tinham exatamente seis laranjas e seis azuis). Os despiques são quase marginais e saudavelmente provocatórios como o que DN assistiu, com um militante centrista a perguntar a um outro apoiante da coligação: "É do CDS ou é de esquerda [numa alusão ao PSD]?"
Mas isso não impediu o despique. Tudo começou quando o presidente da Câmara Municipal de Lamego, Francisco Lopes, a prometer transformar (durante o dia de hoje), sugeriu que o distrito deixasse de ser o "Cavaquistão" para ser o "Passistão". Mas Portas não deixou passar e no seu discurso retificou que preferia um "PAFistão". Já Passos, como se não tivesse ouvido o que Portas disse, insistiu (por gafe ou intencionalmente) que ouvir Portas a falar do "Passistão" em Lamego era precisamente sinónimo da unidade da coligação. Picardias PSD-CDS à parte, política pura e dura: aí Passos e Portas estão de acordo em pedir "maioria no Parlamento". O primeiro-ministro começou por dizer que "ninguém na coligação diz que vivemos no céu" e recusou dizer que "tudo são rosas nos próximos anos". Mas acredita que sem maioria "voltaríamos a ficar à mercê das circunstâncias".
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