terça-feira, 16 de julho de 2013

Poema de Fernanda Botelho



Amnésia

Posso pedir, em vão, a luz de mil estrelas:

apenas obtenho este desenho pardo

que a lâmpada de vinte e cinco velas

estende no meu quarto.





Posso pedir, em vão, a melodia, a cor

e uma satisfação imediata e firme:

(a lúbrica face do despertador

é quem me prende e oprime).





E peço, em vão, uma palavra exata,

uma fórmula sonora que resuma

este desespero de não esperar nada,

esta esperança real em coisa alguma.





E nada consigo, por muito que peça!

E tamanha ambição de nada vale!

Que eu fui deusa e tive uma amnésia,

esqueci quem era e acordei mortal.





Fernanda Botelho





Biografia


Escritora portuguesa natural do Porto. Após o curso de Filologia Clássica nas Universidades de Coimbra e Lisboa, fixou-se na capital para dirigir o departamento de turismo da Bélgica. Para além da sua colaboração em revistas como Graal, Europa ou Távola Redonda, iniciou-se na poesia com As Coordenadas Líricas (1951). Em 1960 o seu romance A Gata e a Fábula recebeu o prémio Camilo Castelo Branco. A sua obra de ficção caracteriza-se pela análise, ao mesmo tempo sarcástica e delicada, da trama de relações presentes numa realidade assente no antagonismo entre o quotidiano banal e a inquietação existencial. Publicou, além das obras citadas, o volume de novelas O Enigma das Sete Alíneas (1956) e os romances O Ângulo Raso (1957), Calendário Privado (1958), Xerazade e os Outros (1964), Terra sem Música (1969), Lourenço é Nome de Jogral (1971, Prémio Nacional de Novelística), Esta Noite Sonhei com Brueghel (1987, Prémio da Crítica), Festa em Casa de Flores (1990, Prémio Eça de Queirós), Dramaticamente Vestida de Negro (1994) e As Contadoras de Histórias (1998, Prémio de Ficção da Associação Portuguesa de Escritores)











Faleceu a 11 de Dezembro de 2007




Biografia retirada da net


















NOTA: com o meu PC avariado, sirvo-me do da minha filha,onde, como é lógico, não tenho as minhas pastas.A foto de Fernanda Botelho, grande poetisa portuguesa falecida em 2007, pô-la-ei no facebook.






Maria Elisa Ribeiro


"LUSIBERO"




1 comentário:

  1. Um belo poema, uma bela homenagem. Fomos muito, muito amigos e recordo-a como a mulher superior que foi -de outra casta.

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