quarta-feira, 10 de julho de 2013

O PENSAMENTO DE JOSÉ RÉGIO (1901-1969)








Originalidade Verdadeira e Originalidade FalseadaEm Arte, é vivo tudo o que é original. É original tudo o que provém da parte mais virgem, mais verdadeira e mais íntima duma personalidade artística. A primeira condição duma obra viva é pois ter uma personalidade e obedecer-lhe. Ora como o que personaliza um artista é, ao menos superficialmente, o que o diferencia dos demais, (artistas ou não) certa sinonímia nasceu entre o adjectivo original e muitos outros, ao menos superficialmente aparentados; por exemplo: o adjectivoexcêntrico, estranho, extravagante, bizarro... Eis como é falsa toda a originalidade calculada e astuciosa. 
Eis como também pertence à literatura morta aquela em que um autor pretende ser original sem personalidade própria. A excentricidade, a extravagância e a bizarria podem ser poderosas - mas só quando naturais a um dado temperamento artístico. Sobre outras qualidades, o produto desses temperamentos terá o encanto do raro e do imprevisto. Afectadas, semelhantes qualidades não passarão dum truque literário. 

José Régio, in 'Presença, Folha de Arte e Crítica, 1927-1940

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