quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

POEMA: CAMINHAR, PARA ALÉM DO AMOR...


CAMINHAR, PARA ALÉM DO AMOR…

Subo, a pulso, os degraus do meu poema,
ouvindo vozes distantes
que clamam, nos versos inquietos da alma!

Para o alto subo, sem os virar do avesso,
sentindo os cheiros da terra
nas poeiras incongruentes
do Estar no mundo ,de mim distante….

E teimo em escalar distâncias pelos degraus da vida,
génese do deslumbramento de um traço
da eterna procura, do Mais que se perde
no brilho das estrelas serenas…
… que vão levando o poema
para –a- torre -de -menagem-da-subida!

Navios sobem a corrente enquanto, ao longe,
pinheiros de rama verde cheiram a naus de Outrora,
galgando fusos horários, espaços interplanetários de madeira dura,
pátria, cheirosa e pura.

Não posso parar na subida para pensar o olhar
camélias rubras, nenúfares brancos, jacintos ou lírios do campo!

Lá, no Alto que procuro, passo, deliberada e teimosamente,
por cima de túmulos da humanidade…cujas estórias não fazem caminho na POESIA,
…sarcófago da sensibilidade, erecta no centro cósmico da Verdade!

Olho-me ao espelho dos sons dos passos da minha escalada de degraus…
…onde vejo os tons da minha subida no que VOU-ACONTECENDO…
E continuo a desejar ser nervura de folhas sadias, de pétala de rosas macias…
…melodia de MOZART…escarpa ou ravina a pique,
no cimo de uma montanha-a-ser!

Vem-me a vontade de dançar ao som da chuva, nas nuvens
prenhes
a rebentar água-vida, no ar!


E uma música nova perdura nesta viagem, dentro da bolsa das emoções…
…a música da Esperança, que toca os corações!
Passa o Tempo ao meu lado, levando-me por dentro, a mim,
… que vivo cá fora desse Dentro…

Andorinha cansada abriu asas pousando num degrau desta magia,
humana e ousada.

Águia das aragens planadas
como rio, estrela ou degrau…é POESIA!

É um universo consciente por cujos lábios falam
a pedra, o nevoeiro, o deserto…

Páro na subida da minha eterna escada…descanso, para prosseguir…
Vejo que, o que mais ocultamente sinto
é o que de mais verdadeiro há em mim…Coragem!

Não vejo o espírito dos astros imortais!

A Noite pode ser emotiva e plena de ternura,
nesta dura caminhada,
se a meu lado, o Sonhar se não perturbar com a voz do Vento…
elemento fragmentado dos esqueletos
que abandonei, ao longo da escalada!

Cheira-me a Sol, a Vénus-deusa, a mar de maresia
onde nos perdemos, um dia…

Cheira-me a POESIA!

E sou a luz, a noite, o dia das emoções nos trambolhões da bruma…
…nevoeiro odiento a perseguir a força das palavras
nos cheiros do Amor!
Cheira-me a distâncias dissipadas…
a canela do teu respirar, onde eu quereria repousar…

Que estranha Saudade me forçou a parar AGORA?

Converso com as palavras e elas nada me segredam…
Esperam as minhas descobertas na plenitude
que não posso atingir!

Meu Deus…Sou tocha a arder, sem a luz que me seduz!

Deito fora a máscara! Páro por aqui! Não sei caminhar,
para além do Amor!
sem o Amor…



Marilisa Ribeiro
C12M-81-(vds)-DEZ/011
IGAC-USR12038

2 comentários:

  1. ...grato pelos parabéns...
    ...grato pelas palavras e pela passagem pelo meu covil...
    ...um abraço e um beijinho
    quim

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  2. Nada a agradecer...Gosto de passar pelo teu "covil".Um dia lindo
    Beijinho
    Lisa

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