quinta-feira, 3 de novembro de 2011

POEMA:IDEIAS DISPERSAS...(EM TI...)

IDEIAS DISPERSAS…


Nasce o sol.
Um céu rosa-avermelhado entra, lentamente, no âmago emocional.
A floresta rejubila o alvorecer.
Insectos irrequietos pululam por entre as flores e as ervas
Sorrindo, saltitantes, ao murmurarem alegrias silenciosas;
as nuvens são algodão doce que se desfaz, de repente;
o mar está calmo…não rumoreja tempestade,
não se agita no nervoso das ondas alteradas.

É hora de oração de beleza!
É hora de agradecer a Criação!
É hora de viver um momento de religião-cósmico-telúrica!
É Hora-Deus!

O puro ar que se respira no alvorecer vem carregado de memórias
dos homens que correram mares, para encontrar continentes.
Vejo olhos marejados a sofrer o sol que bate nas “sete colinas”…
Distingo, nas ondas, lá mais distantes, perfis de velas e mastros imponentes
de naus e caravelas do Outrora, vivos, ainda,
no sol avermelhado dos horizontes de Agora!

Sozinha, nesta nesga de mundo distante de ti,
sorvo ares de fantasia
e mergulho nas mãos das conchas e búzios, espalhados pelo areal.
Gaivotas desenfreadas aterram-me nos pés…
Parece que me ouviram O segredo…e voltam, logo, para as marés!
Nadam ao sabor das ondas na madrugada desperta…oscilam…
…e bicam a espuma esbranquiçada da água de escamas, prateada.
Oh…se não houvesse remorso e consciência,
não estaria em permanente penitência
a embrulhar os dedos, na areia desfeita.

(Mudez impenetrável obedece ao meu pensamento e sinto-me aniquilada!)

Falam-me belezas da Natureza a quem não sei responder…
Angústia…desespero e Vida…
Errâncias da memória, desenfreadas, enroscam-se-me no Ser!
Não posso estar sozinha, quando oiço os gritos de dor
vindos de mundos vizinhos…

Sofro!
Palavra-companhia! Meu cristal funcional!


E continuo a procurar-te, meu amor.
Esta determinação dói-me,
nos dias de sol e nas noites rubras de suor e névoas…
Procuro-te nos vultos sombrosos de árvores desfeitas
Pela força do vento…
…nos lagos luminosos, de luar resplandecente…
…na doçura da minha face, só e carente…
…nas mãos inquietas, de areia debruadas…
…nos sentidos toldados pelo sangue da loucura de um beijo ausente…

A minha Esperança é redonda, como o sol que te alumia
no orgasmo-luz que irradia…

R-C12L-28 (vds) -OTB/011
Marilisa Ribeiro

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