FOTO MINHA
No escuro da noite, coberta pela bruma das nuvens ominosas,
No meio da lagoa pantanosa, sem maré,
Parado está o barco, sossegado,
Do pescador, que não lança a rede ao pescado.
O céu avermelhado do negro azedume do tempo
Cobre, solene, o barco sem rumo, na pescaria da vida, perigosa…
Não há um rumor…
Há o temor das nuvens negras
No vermelho ameaçador da paulica ria,
…morta…sem energia…
Saltam pingos de água das mágoas nevoentas
Que afugentam a coragem do homem, no meio do temporal…
O candil aceso não resiste, e de longe-coisa triste-
Assiste-se ao apagar da presença corajosa
Do homem a lutar,perdendo energia…
Por detrás da colina-qual Adamastor furioso!-
Assobia o vento, num tom pastoso,
Mostrando, da montanha, o riso enganador…
No céu dos humanos não há estrelas brilhantes,
Pois a noite aleivosa escurece os diamantes-peixe
Da vida de euforia-pescaria!
Mãos sujas,
Calejadas da existência das redes nos remos…
Dos remos nas redes…
Apanha o homem coragem, e numa rápida viragem
Endireita a canoa,
Foge da lagoa,
Esconde o seu medo na força súbita do mistério,
Repousa na gruta, sob a montanha,
Ao pé de uma fogueira de restos de lenha!
Antologia dos becos da Vida!
Viver é eterna ferida…mutação genético/sentimental,
Eternidade natural na junção sol-mar!
Deuses intrometidos nas rotas do natural existir
Fazem valer seus preceitos, para, depois,fugir…
Os deuses são Nada!
O Homem é tudo o que o Sonho consente!
Deuses não sonham…
Usam, abusam, dispõem…
Nascem deuses…acabam pó de estrelas enganosas!
O Homem nasce NADA,vive tudo…acaba vida dura!
O pescador da lagoa nua, brumosa, tempestuosa,
Escolheu o confronto…
No seio da montanha, à espera do sol, está pronto a lutar
Pelo pão de viver!
Alguém viu os deuses… assim…a tentar engrandecer?
C11L-(out/nat)49/16-FEV/011
Querida amiga
ResponderEliminarAs palavras
descrevem uma cena
intensamente bela.
O cenário,
a pessoa,
o mar...
Lindo
Que haja sempre em ti,
sonhos por sonhar.
Aluísio: e se há em mim, sonhos para sonhar...
ResponderEliminarObrigada por tua visita, amigo e irmão!
BEIJO de
Mª ELISA
Sabemo-nos sós
ResponderEliminarmas sabemos também o caminho
de destecer a rede
e ter o peito redivivo
O deslisar do barco
nos espera
também o balançar dos ventos,
agora é fazer melhor...
Beijos
Tácito
Paulo: por que dei em ter dificuldade em interpretar os teus pensamentos?
ResponderEliminarAjuda.me a compreender!
BEIJOS
LISA
O tom inicial até à antepunúltima estrofe é embargadamente belo e sinistramente calmo. Os deuses por certo nao existem, e Deus pertence ao domínio do espiritual, mas a figurativa do pescador e das redes e do céu ventoso e do mar desdito e do sonho maior que o homem se alcança e consegue no concreto ultrapassar, está divino.
ResponderEliminarUma prosa em registo diferente e me soou tao mais apelativo. Gostei mesmo muito. As palavras estão caramelizadas de paz, dor e sorriso entre a névoa da espessuar da vida. Muita paz, por mais estranha, foi o que encontrei aqui. E uma ode ao Homem, sempre superior aos deuses que nao sonham nem nada.
Um beijo seu, Marilisa!
DAniel Silva(Lobinho): eu é que fiquei de voz embargada com o seu comentário, de tal modo que precisei de pensar, antes de agradecer!a imagética que presidiu à elaboração do poema, tem que ver com todos nós, "pobres pescadores!" de nós próprios...A nossa procura esmaga-nos debaixo da grandiosidade do TODO PODEROSO!
ResponderEliminarObrigada, DANIEL! Parece que a minha alma é um livro aberto para si...e fico contente com isso!
BEIJINHO SENTIDO
MARILISA