"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
sexta-feira, 27 de novembro de 2015
Tomou posse, ontem, o novo governo de Portugal
O que fez o segundo Governo de Passos? Privatizou a TAP e "deu" milhões às Misericórdias
Ana Rute Silva , Alexandra Campos e Clara Viana
26/11/2015 - 17:43
Em 27 dias, 16 dos quais em gestão, o XX Governo constitucional não teve tempo (e margem) para deixar muitas marcas. O PÚBLICO fez um levantamento das medidas aprovadas por este Governo, destacando-se a polémica conclusão da privatização da TAP e uma série de medidas na área da saúde.
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Privatização da TAP
Dois dias depois de o programa do Governo de Passos Coelho ter sido chumbado na Assembleia da República, a TAP era oficialmente privatizada. O contrato que transferiu para o consórcio Atlantic Gateway 61% do capital da companhia aérea foi assinado à porta fechada, dia 12, nas instalações da Parpública, a holding que gere as participações empresariais do Estado. Os dois sócios no negócio, David Neeleman e Humberto Pedrosa, entraram no edifício às 19h30 e só saíram às 23h30. A privatização da TAP, criada há 70 anos por iniciativa privada e nacionalizada depois do 25 de Abril, foi recheada de avanços e recuos, com o primeiro decreto de reprivatização a ser assinado em 2000. Sucederam-se vários relançamentos, em 2007 e em 2012, por exemplo.
O fecho do negócio, à porta fechada e já com o Governo em gestão, motivou críticas e a venda da TAP foi considerada “inconstitucional e ilegítima” pelos partidos de esquerda. PCP e BE defendem que a TAP deve ser 100% estatal, enquanto o executivo socialista de António Costa quer que o Estado tenha a maioria do capital, ou seja, pelo menos 51%. Ana Rute Silva
130 milhões de euros para oito Misericórdias até 2020
Há uma medida na área da saúde aprovada pelo último Governo PSD-CDS/PP que se destaca pelo valor. É a autorização para a despesa de mais de 130 milhões de euros, até 2020, para a contratação de consultas e cirurgias a oito Misericórdias do Norte do país.
A resolução n.º 92/2015 do Conselho de Ministros do dia 12 deste mês (publicada uma semana depois em Diário da República) especifica que foi dada luz verde à despesa “relativa a acordos de cooperação” para a aquisição de “prestações de saúde” às santas casas da Misericórdia de Esposende, Fão, Felgueiras, Lousada, Marco de Canaveses, Póvoa de Lanhoso, Riba de Ave e Vila Verde.
O valor ultrapassa em cinco milhões de euros o que tinha sido anunciado em Agosto, quando o então ministro da Saúde, Paulo Macedo, assinou os protocolos para a aquisição de 91 mil consultas e 13.200 cirurgias, só em 2016, como explicou na altura o presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte. Nessa altura, Álvaro Almeida estimou que o valor global desta contratação com as Misericórdias (que sublinhou já remontar ao tempo do PS) seria de 125 milhões de euros em cinco anos. O valor final é mais elevado e a autorização agora publicada inclui cerca de 3,4 milhões de euros para despesas a efectuar ainda para este ano.
Na prática, estes acordos significam que os doentes podem ser referenciados por centros de saúde para os hospitais das oito santas casas da Misericórdia, que asseguram consultas e cirurgias, pagando os pacientes a taxa moderadora cobrada nos estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde. Alexandra Campos
Mais unidades de saúde familiar
Em quatro semanas de actividade, o novo ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, com autorização do Ministério das Finanças, também aumentou em Novembro o número de unidades de saúde familiar (USF) a criar na região norte ainda este ano. São mais dez USF, passando o Norte a liderar a lista, com um total de 17 das 43 USF autorizadas a abrir em 2015 em todo o país. A.C.
Fim das taxas moderadoras nos SAP
De resto, como o PÚBLICO já noticiou, no último dia do Governo PSD-CDS, as taxas moderadoras nos serviços de atendimento permanente (SAP) dos centros de saúde foram extintas, passando o valor a pagar nos centros de saúde depois das 20h, as ditas “urgências”, de 10,30 euros para os 5 euros estipulados para todas as consultas de medicina familiar.
No penúltimo dia, o ministro publicou três novas redes de referenciação hospitalar (a de cardiologia, a de saúde mental e psiquiatria e a de reumatologia) depois de, na semana anterior, ter despachado as redes de infecção por VIH/sida e a de cirurgia geral. A.C.
Nova rede de urgência
Mas a medida mais polémica, que está a desencadear protestos de várias autarquias, foi conhecida na sexta-feira, quando o despacho de Leal da Costa com a aprovação da nova rede de urgência e emergência (um mapa que estava para ser redefinido há vários anos) foi publicado, mesmo com alguns erros, entretanto corrigidos pelo ministério.
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