quinta-feira, 2 de outubro de 2014

POEMA meu( obrª regª)








SONS-DA-POESIA







Ligeira brisa agitava as cortinas, quando as afastei para o lado

para ver as estrelas, que brilhavam pelo céu azul gelado.



O rio desenhava, através do vale, uma vasta curva de prata líquida,

………………………tranquila e serpenteante, que, no Outono se tingia,

……………………. à hora crepuscular, de cor-açafrão-Oriente.



Da língua de areia, molhada de neblina,

………………………viam-se mastros de embarcações

………………………a elevarem-se para o céu opalescente.




Cheirava à maresia da infância,

……………………..esse odor de transparência que eu sabia

………….. viver nas minhas adormecidas canções.




A recorrente memória permite-me visões sublimes

…………………….que dão repouso à alma com que as senti vibrar

…………..neste corpo de menina, agora feito mulher.






A vida soa a silvas do vale, a pinheiros com resina,

a amoras rubras, silvestres, escondidas no matagal./




Soa a águas rumorejantes a sussurrarem por baixo da ponte

onde, amiúde, vi o céu chegar a mandar-me para o conchego

das cortinas do velho lar./




Tantas foram as vezes que a atravessei, que ‘inda hoje

lá estão marcados os pés, na dureza da velha madeira

que continua a ligar as margens.



Tudo era o fim do princípio que a vida-passou-a-ser…

…imensa e magnífica catedral que fui vendo, sem-a-entender…



Dizem que são os anjos quem sobe escadas de salvação

……………………….quando levam os homens , pela mão…



Eu subia e descia pelos meditativos atalhos do vale

………………………e , sem querer, fazia a minha peregrinação.



Calcava velhas folhas mortas de solidão,

cantando sempre o trepar das rosas pelas barreiras musgosas,

onde se instalava o odor roxo das violetas no teu olhar,

que as árvores cobriam de mistério crepuscular.





As neblinas desciam cantando para lençóis de algodão puro, entre a terra e o céu/

A poesia vinha iluminar os fantasmas do Eu-a-querer-Ser, com uma linguagem de engrandecer as sonatas do meu viver/ E quando vejo os plátanos a reverdecer, confio no som da clara madrugada onde te vou encontrar, mesmo que a teimosa chuva teime em me não deixar ouvir./



Que me resta, se perco a esperança de te ouvir, perdido na concha do poema que tenho nas minhas mãos, a surgir?







Maria Elisa Rodrigues Ribeiro

ABRIL/014


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