segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Poema de Shakespeare



Poema de Shakespeare (1564-1616), in Net




A Noite não me Deu nenhum Sossego




Como voltar feliz ao meu trabalho
se a noite não me deu nenhum sossego?
A noite, o dia, cartas dum baralho
sempre trocadas neste jogo cego.


Eles dois, inimigos de mãos dadas,
me torturam, envolvem no seu cerco
de fadiga, de dúbias madrugadas:
e tu, quanto mais sofro mais te perco.

Digo ao dia que brilhas para ele,
que desfazes as nuvens do seu rosto;
digo à noite sem estrelas que és o mel

na sua pele escura: o oiro, o gosto.
Mas dia a dia alonga-se a jornada
e cada noite a noite é mais fechada.

William Shakespeare, in "Sonetos"
Tradução de Carlos de Oliveira

Sem comentários:

Enviar um comentário