quinta-feira, 30 de outubro de 2014

DE PORTUGAL...(Através de "Notícias sem Censura"

Cascais, Governo e executivo da Câmara atacam ESCOLA PÚBLICA!






Em Cascais o executivo da Câmara de maioria PSD/CDS, liderado por Carlos Carreiras em conluio com o Governo PSD/CDS tudo tem feito para destruir a Escola Publica.



Em Cascais a educação encontra-se num estado calamitoso, não por culpa dos professores, dos alunos ou das famílias, mas por culpa da opção neoliberal que o governo tomou e a maioria PSD/CDS da Câmara apoia.



Em cascais muitas escolas não tem ainda os professores necessários ao regular funcionamento das aulas, faltam funcionários auxiliares, falta equipamento ou o equipamento encontra-se em maus estado, a alimentação fornecida aos alunos pelas empresas contratadas pelo governo ou pela Câmara é de má qualidade, as instalações escolares na sua maioria encontram-se degradadas e muitas possuem telhados de fibrocimento/amianto, escolas que funcionam em contentores, escolas com pouco mais de 600 alunos chegam a ter mais de 250 alunos carenciados, sem dinheiro para livros e alimentação.

É a triste realidade que presidente, Carlos Carreiras tenta esconder com o foguetório das palestras e das inaugurações para a fotografia.

António de Lemos



(Intervenção do Vereador CDU sobre a Semana da Educação na reunião de Câmara de 29/Outubro)





CASCAIS, O MELHOR LUGAR DO MUNDO PARA DIZER MENTIRAS !



No “Boletim C”, que os incautos cascalenses são obrigados a pagar para este servir de arauto permanente dos feitos, gloriosamente, propagandeados da maioria do PSD/CDS, li uma mensagem do presidente da mesma maioria, dirigida aos estudantes do Concelho, que agora começaram mais um atrasado e atribulado ano escolar, que “Cascais tem de continuar a ser o melhor lugar do mundo para viver”.

Assim mesmo, sem tirar nem pôr: o Sr. Presidente diz aos nossos jovens aquilo que eu, que aqui trabalho e vivo há mais de 40 anos, por distração ou assanhada miopia, nunca me tinha dado reparar: que “Cascais é o melhor lugar do mundo para viver”.



Pelo facto maravilhoso, que sem qualquer dúvida só a si se pode ficar a dever, aceite, Sr. Presidente, o meu muito, mas mesmo muito obrigado, pelo privilégio que me outorga de viver nesta terra de vinho e de rosas, neste autêntico e único Paraiso da Terra.



Mas, um pouco mais abaixo da minha leitura, e já para minha angústia, o Sr. Presidente diz aos nossos jovens - esperando que eles não sejam tão incréus como “certa oposição que por aí ainda a dizer mal de tudo e de todos só para dizer” -, que “as nossas escolas estão cada vez melhores, fazendo de Cascais um dos melhores locais para educar os nossos filhos”.

Confesso, Sr. Presidente, que comecei a sentir-me escanastrado no lugar do pódio a que Vª- Exª. me tinha alcandorado: - afinal este é ou não o melhor lugar do mundo com que há pouco me embalava? Ou, em matéria de escolas, no melhor lugar do mundo para viver, eu já só posso contar estar, apenas, entre os melhores?



Por favor, Sr. Presidente, chame já os ‘escrivães’ do seu Boletim e obrigue-os a escrever direito o que escreveram torto!



Mas, apesar de já abalado pela incerteza de Cascais ser o melhor lugar do mundo, e para que não se dissesse que eu ando por aí a falar por falar, achei oportuno aproveitar o dia da Alimentação e a Semana da Educação e ir lá, às escolas, e ver com os meus olhos como elas “estão cada vez melhores”, e como elas fazem de “Cascais um dos melhores lugares para educar os nossos filhos”.



E então, Senhor Presidente e senhores vereadores, vou dizer-lhes aqui o que vi.



Vi que em Cascais há escolas onde a maioria dos alunos provém de famílias que nem, sequer, lhes podem comprar os livros pelos quais deviam estudar; de famílias que nem, sequer, lhes podem pagar a refeição que comem na escola, que para muitos é a única que podem comer durante todo o dia.



Em Cascais, vi escolas onde os professores, por saberem que se passa fome nas casas onde os meninos moram, recolhem papel e cartão para venderem em troca de alguns euros com que compram o arroz, o leite e o pão que os alunos levam para casa para repartir com as suas famílias.



Neste lugar que é o «melhor do mundo para viver», vi crianças a rechearem com arroz cozido a carcaça do almoço, que levavam para casa para terem o que comer até que chegue o dia seguinte e mais um almoço da escola.



Vi, nesta Cascais, que nas suas bondosas palavras “é também um local de bem-estar social”, servir aos nossos filhos comida de tão baixa qualidade que não é digna de ser consumida por um ser provido de humana razão.



Neste “local de bem-estar social”, as mulheres (porque este mundo não é para homens!) que nas cantinas e nas cozinhas tentam fazer milagres com o que lhes entregam para cozinhar e pôr nos pratos dos nossos filhos, são quase todas contratadas, não pela firma que explora o serviço, mas a empresas negreiras, propriedade das primeiras, que lhes pagam 2,00€ por hora, obrigando-as a fazer o serviço de outras duas ou três e recusando pagar-lhes o trabalho extraordinário que são forçadas a fazer se quiserem voltar ao trabalho no dia seguinte.



Vi, que estas empresas são um verdadeiro duopólio que, no caso da contratada pelo Ministério da Educação dá pelo nome de GERTAL, ou ITAU, se for a Câmara a contratar, que roubam descaradamente o Estado e a Câmara. Roubam a Câmara, o Estado e roubam também as Escolas e os alunos. Porque em todas as escolas onde fomos, apenas vimos ao serviço pessoal para cobrir metade das horas de trabalho que se cobram à Câmara ou ao Estado, e obrigando uma vez mais uma só trabalhadora a correr para fazer o trabalho que competia fazer a mais duas ou três.



Em todas as escolas que visitei, vi trabalhadores auxiliares que ali estão apenas porque se não estivessem o Fundo de Desemprego lhes cortava o subsídio a que muitos anos de trabalho e de descontos lhes deu o direito de receberem quando perderam o trabalho que o Governo do presidente desta Câmara fez todos os possíveis para que perdessem.



Nas escolas deste que é “o melhor lugar do mundo para viver” e que é, também, “um local de bem-estar social”, vi professores que fazem das tripas coração para conseguirem continuar a dar aos seus alunos a ideia de que ‘vale a pena esforçarem-se e estudar, porque é com o estudo esforçado que podem, amanhã, ter a garantia de uma vida melhor’. Fazem-no sim, apesar da dor que lhes rói a alma, dos roubos nos salários e da constante desconsideração que lhes vem sendo feita pelos sucessivos governos, liderados também pelos mesmos partidos que aqui desmandam.



Nas escolas deste Concelho, onde vivem 8.000 famílias que sobrevivem abaixo do limiar da pobreza, que têm filhos que vão para a escola sem livros para aprender e que passam fome, não vi, confesso que não vi mesmo, nenhum luminoso sinal de que estava a viver no prometido lugar do leite e do mel, aquele tal “local de bem-estar-social”.



E com todo o entusiamo desta viagem, já quase me esquecia de lhe falar, Sr. Presidente, dos “investimentos em infraestruturas que fazem as nossas escolas estarem cada vez melhores”. Falta imperdoável a minha, que quase me levava a não lhe falar dos telheiros de amianto, que as más-línguas ainda dizem que causa cancros, que cobrem extensões da Escola de Santo António da Parede e que, na EB 2,3 de Alvide, vista de cima, deixam parecer um mar ondulado de edifícios amortalhados.



Quase não lhe falava também da piscina que a EB 2,3 de Alapraia ganha quando chove mais do que é costume, levando já certos malandros a proporem a criação de uma nova actividade desportiva, a canoagem, para ser praticada no mesmo pavilhão e nos outros recintos desportivos que a escola já tem, sem mais investimentos que não sejam a entrega, pela Câmara ou pelo Ministério do governo do Sr. Presidente, de uns tantos botes.



O mesmo lhe diria das instalações sanitárias da Escola EB1, nº 2 da Parede, não fosse o caso de aí a “piscina” se encher com o refluxo dos esgotos que nesses mesmos dias, em que chove mais do que é costume, sobem pelos sumidouros que era suposto só funcionarem para isso mesmo, para sumirem e não para introduzirem.



Sim, Senhor Presidente, falo da mesma escola onde o senhor durante a Semana da Educação, foi inaugurar uma Ludoteca, para a qual não contribuiu com um segundo sequer do seu esforço de autarca, porque só foi construída depois de os professores, os pais e os alunos se terem esgadanhado para vencerem um Orçamento Participativo.



O senhor lá fez a sua inauguração, e lá terá deixado certamente uma bela placa a assinalar o feito para os vindouros, mas não deve ter reparado na falta daquela lâmpada do projector do quadro interactivo que está fundida desde Fevereiro, nem na falta de tratamento dos espaços que deviam ser verdes, nem tão-pouco naquela rede que já tem quase tanto de buracos como de rede, nem no chão de gravilha que cobre os espaços de jogos onde as crianças caem e se aleijam até fazer sangue.



E se o meu tempo não fosse já longo de mais e a sua paciência fosse um pouco mais indulgente, eu falava-lhe ainda da EB1 de S. João do Estoril, onde quando chove na rua também chove nas salas de aulas, e falava-lhe também naquelas outras onde nem os desenhos dos meninos se podem expor nas paredes porque a humidade que escorre nelas não deixa colar o que quer que seja. Assim nem lhe falo daquele infantário onde certas manchas de humidade e os fungos que se multiplicam nas paredes, se não fosse o cuidado dos professores, já dariam para fazer uma cultura de cogumelos.



Se o Sr. Presidente ainda tivesse paciência, eu falar-lhe-ia também daquela escolinha que recebe os meninos dos seis aos nove anos dos bairros da Bairro da Cruz Vermelha e de Adroana, que também pertencem a este lugar que o senhor diz ser o melhor do mundo para viver. Dizia-lhe, Sr. Presidente, que a estes meninos foi cortado o direito ao passe social e que, por isso, agora têm que vir a pé, apesar de chegarem encharcados quando chove e de, nos dias como os de agora, em que já anoitece cedo, regressarem a casa já noite escura. E sabe o senhor presidente o que estes meninos nos pediram que pedíssemos para eles? – apenas um parque com “escorregas” e uma caixa com areia para poderem saltar e se puderem sentir tão meninos como os das outras escolas !



Finalmente, mas ainda assim sem ter dito da missa a metade, eu não deixaria de lhe relembrar aquilo que sei que a mãe de uma criança de Rana também já lhe disse sobre o que viu no dia em que foi à escola levar ao filho um bolo de aniversário para ser partilhado com os outros meninos e que veio de lá em estado de pânico pelo cenário que se lhe deparou, a ponto de se atrever a acusar as autoridades, com a câmara onde o senhor manda à cabeça, de serem responsáveis por Bullying institucional, exercido sobre as crianças que naquela escola há já sete anos são obrigadas a ter aulas em contentores.



Contentores que são parte dos “investimentos em infra-estruturas que fazem as nossas escolas estarem cada vez melhores” e de “Cascais um dos melhores lugares para educar os nossos filhos”. Contentores onde, nesse dia, a água da chuva escorria pelas paredes em direcção ao quadro da electricidade a ameaçar um curto-circuito.



Pois é, Sr. Presidente da “Cascais elevada às pessoas”, que pessoas anda o senhor a elevar?



O Senhor anda num outro planeta de uma outra galáxia. Eu andei na Cascais de cá de baixo, a Cascais onde estudam os filhos de mais de 90% dos que moram em Cascais, dos que sofrem em Cascais o emprego que não têm, mas que se sentem com o direito de terem os seus filhos numa escola onde, apesar dos pesares, ainda se insista na ideia de que ‘se eles estudarem talvez possam ter, um dia, um futuro melhor’.



E porque, tal como aos homens e mulheres, também às crianças é preciso deixar acreditar que é o sonho que comanda a vida, nos por cá continuaremos a lutar para que o sonho se torne um dia realidade e que a Terra se torne, de verdade, o melhor sitio para os meninos de todos viverem.



Cascais, 29 de Outubro de 2014

O Vereador da CDU Clemente Alves



Foto: um mar de fibrocimento/amianto na Escola Secundaria de Alvide em Cascais

Publicado por Antonio de Lemos

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