quinta-feira, 30 de outubro de 2014

ESTE HOMEM QUER ILEGALIZAR A POBREZA!!!



Este homem quer ilegalizar a pobreza






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Foi padre, viajou pelo mundo e fundou a "Cais". Quer criminalizar a pobreza e não há sem-abrigo em Lisboa que não o conheça. Aos 51 anos, nunca encontrou o amor


Há quem o acuse de perder tempo com utopias e até de viver noutro mundo. Os críticos não andam muito longe da verdade. Henrique Pinto, fundador da "Cais", é obcecado por impossíveis. Deixou a associação de apoio aos sem-abrigo em Junho e criou outra. A Impossible prepara-se para lançar uma petição pública para ilegalizar a pobreza. O objectivo é pôr o parlamento a discutir o fenómeno (ver texto secundário).

Nos 13 anos em que esteve à frente da "Cais" era raro o dia em que não saía à rua para falar com os sem-abrigo. Muitos continuam a telefonar-lhe, quase diariamente, para o telemóvel. Pedem-lhe coisas, contam como vai a vida, falam de projectos. "Os sem-abrigo têm sonhos que estão além do impossível", diz. Nos últimos dez anos, Henrique Pinto recebeu prémios das mãos de personalidades como Durão Barroso ou Martin Schulz - que o visitou duas vezes e elogiou o trabalho da associação. Quando pegou na "Cais", em 2002, era uma revista com uma dívida de 12 mil contos que às vezes já nem saía. As contas recuperaram, a "Cais" encontrou espaço e, nos últimos tempos, Henrique Pinto já conseguia viver do salário de director: cerca de 1300 euros por mês.

Mesmo assim, bateu com a porta. "Com os anos, as organizações vão-nos limitando", justifica. Foi mais ou menos pela mesma razão que, em 2001, deixou o sacerdócio. Henrique Pinto nasceu em Loriga, no coração da serra da Estrela. Quando tinha quatro anos, e numa altura em que a indústria de lanifícios ainda existia, os pais conseguiram empregar- -se nas fábricas de Seia e mudaram-se para a sede do concelho.

A mãe trabalhava com malhas e o pai ajudava a fazer fatos. Por essa altura, Henrique dividia o tempo entre a escola e a igreja e já trazia na ideia que havia de ser padre. Uns missionários visitaram a paróquia e deram uma palestra sobre como era difícil viver em países com nomes esquisitos em África, na Ásia e na América do Sul. Era isso que queria fazer: viajar pelo mundo e acabar com a pobreza. Na juventude saltou de instituto em instituto sempre suportado pelos Missionários da Consolata.

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