quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Poema de Pedro Homem de Mello



Poema de Pedro Homem de Mello (1904-1984), in pesquisa Net







Solidão

Ó solidão! À noite, quando, estranho,
Vagueio sem destino, pelas ruas,
O mar todo é de pedra... E continuas.
Todo o vento é poeira... E continuas.
A Lua, fria, pesa... E continuas.
Uma hora passa e outra... E continuas.
Nas minhas mãos vazias continuas,
No meu sexo indomável continuas,
Na minha branca insónia continuas,
Paro como quem foge. E continuas.
Chamo por toda a gente. E continuas.
Ninguém me ouve. Ninguém! E continuas.
Invento um verso... E rasgo-o. E continuas.
Eterna, continuas... Mas sei por fim que sou do teu tamanho!








Pedro Homem de Mello, in "O Rapaz da Camisola Verde"

Sem comentários:

Enviar um comentário