quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Está a chegar , o CONTRA -ATAQUE AO ÉBOLA!


O contra-ataque ao ébola está a chegar na forma de diversas vacinas


NICOLAU FERREIRA

22/10/2014 - 20:03


Se os primeiros ensaios em humanos tiverem bons resultados em Dezembro, no início de 2015 as primeiras vacinas poderão ir para África. Para já, o soro do sangue é a opção na luta contra o vírus.Vacina experimental criada no Canadá e que foi enviada para a OMS PUBLIC HEALTH AGENCY OF CANADA/REUTERS




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Os primeiros ensaios clínicos de duas vacinas contra o vírus do ébola já estão em marcha: uma é da GlaxoSmithKline e a outra da NewLink Genetics, que foi desenvolvida pela Agência de Saúde do Canadá. O vírus, que causa uma febre hemorrágica, já fez 4877 mortos, segundo a actualização desta quarta-feira da Organização Mundial da Saúde (OMS), no maior surto de sempre desta doença identificada pela primeira vez em 1976. A OMS também já disse que fará, pela sua parte, ensaios clínicos na Suíça àquelas duas vacinas. E nesta quarta-feira, a empresa farmacêutica Jonhson & Johnson anunciou que investirá 158 milhões de euros numa terceira vacina contra o ébola e que em Maio de 2015 terá prontas 250 mil doses para iniciar ensaios clínicos.

Esta constelação de esforços das empresas farmacêuticas para encontrar uma solução para o ébola mostra que, pela primeira vez, os países ocidentais estão mesmo preocupados com a doença. Até agora, os surtos eram isolados no coração de África, afectando algumas centenas de pessoas, tendo assim um impacto sanitário pequeno. Por isso, chegou-se a 2014 sem um medicamento ou uma vacina contra esta doença, que chega a atingir os 90% de letalidade na estirpe mais grave.

Mas a epidemia actual, em que já foram infectadas 9936 pessoas, principalmente na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa, e que já tocou países como a Espanha e os Estados Unidos, evidencia que, deixado à sua sorte, o ébola fica fora do controlo e causa pânico.

Na segunda-feira, a Agência Europeia do Medicamento disse estar pronta para dar aos medicamentos e vacinas contra o ébola o estatuto de “medicamentos órfãos”, de forma a encorajar as empresas farmacêuticas a apostar nestes produtos. Este estatuto pode ser atribuído a medicamentos ou vacinas para doenças que afectem, no máximo, cinco em cada 10.000 pessoas na União Europeia, como é o caso do ébola. Este estatuto permite às empresas ter aconselhamento científico gratuito, isenção de taxas e dez anos de exclusividade no mercado.

Nos três países africanos, a necessidade de obter algo que ajude a resolver esta crise é tanta que os Médicos Sem Fronteiras (MSF) já tomaram a iniciativa de participar na realização dos ensaios clínicos para o desenvolvimento de fármacos. “Os MSF não costumam participar nos ensaios clínicos, mas diante deste enorme surto, estamos a tomar medidas excepcionais”, disse Bertrand Draguez, director-médico dos MSF, envolvido na luta contra o surto.

Os MSF são uma das organizações não-governamentais com mais experiência a lidar com o ébola. “Temos acesso a um grande número de doentes e por isso temos destinatários potenciais para os tratamentos experimentais”, disse ainda. Medicamentos experimentais como o ZMapp, famoso por ter sido usado nalgum pessoal de saúde, embora não esteja comprovado a sua eficácia em humanos, terão de passar por estes ensaios.

Em relação à vacinação, a GlaxoSmithKline foi a primeira a iniciar os ensaios clínicos de primeira fase em seres humanos da vacina cAd3-Zebov, que desenvolveu juntamente com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID, sigla em inglês). A vacina já está a ser testada nos Estados Unidos, no Reino Unido e no Mali.

Já a vacina rVSV-Zebov, desenvolvida pela Agência de Saúde do Canadá, que a NewLink Genetics agora detém, começou a ser testada na semana passada nos Estados Unidos. “É urgente termos uma vacina para nos proteger contra a infecção do ébola”, disse nesta quarta-feira Anthony Fauci, director do NIAID, citado pela agência Reuters, acrescentando que a rVSV-Zebov é “promissora”.

Os primeiros ensaios a estas duas vacinas vão permitir analisar a sua segurança e se produzem realmente uma resposta imunitária.

Quanto aos ensaios da OMS a estas duas vacinas, que se iniciarão em Novembro, vão ter lugar em Genebra e em Lausana, anunciou na terça-feira Marie-Paule Kieny, vice-directora-geral da OMS. “Vamos testar a vacina em pessoas saudáveis entre os 18 e os 65 anos”, disse a médica, citada pela agência AFP. Os ensaios serão em voluntários que não serão pagos para tal, só terão ajudas de custo.

Em Lausana, será testada a vacina da GlaxoSmithKline. “A importância deste ensaio é terá um número suficiente de pessoas para provar a sua segurança e imunogenicidade”, explicou ainda Marie-Paule Kieny, citada pelo jornal espanhol El Mundo.

No site da OMS, a própria Marie-Paule Kieny diz que será voluntária para os ensaios. “Muitos colegas profissionais de saúde perderam a vida ao cuidar daqueles que têm ébola”, escreveu, explicando que deseja ser voluntária “para ajudar a obter vacinas testadas e prontas o mais rapidamente possível”.

Os primeiros resultados dos ensaios a estas duas vacinas deverão chegar no início de Dezembro. E a OMS diz que poderá começar a dá-las já no início do próximo ano.

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