sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A ORDEM DE CISTER, EM PORTUGAL-através de www.snpcultura.org


























Legado histórico-cultural


Uma das marcas mais originais de Cister tem que ver com os mosteiros característicos da Ordem, o que originou a designação de “estilo cisterciense”, ou da tendência homónima no Românico e principalmente no Gótico, já que depois do Renascimento assumiu programas e gramáticas estético-estilísticas idênticas às de outras ordens e da Igreja em geral.

Os mosteiros tinham designações baseadas na natureza (Noirlac, Clairvaux, Cîteaux...); obedeciam, quando criados de origem, a um modelo-tipo, com a divisão dos espaços dos monges e dos conversos; tinham uma grande proximidade e aproveitamento dos rios (água, elemento simbolicamente importante em Cister, além de ritual e ablutório, para além de os rios serem marcas de fronteira).

Santa Maria Maceira Dão

Os espaços funcionais estavam mais ou menos colocados da mesma forma em quase todos os mosteiros; a austeridade e sobriedade decorativas, as linhas puras, a realçar a luz e a claridade; o quase aniconismo figurativo no inerior como nas fachadas dos templos; cantochão e a simplicidade litúrgica, enfim, tantas são as marcas distintivas de Cister e talvez as explicações de tantas adesões e apoios suscitados na sua história secular.

Ordem contemplativa na sua essência, os Cistercienses, enquanto Beneditinos reformados, não deixaram de valorizar a oração e o trabalho como um binómio basilar na sua marcha de vida.

Procurar Deus e orar era melhor em solidão, o que motivou a busca de lugares afastados da “civilização”. Sete vezes diárias de Ofício Divino no coro e a prática de muita meditação contemplativa são importantes em Cister, mesmo no trabalho, intelectual ou manual, embora este tenha sido atribuído mais aos irmãos conversos, já que a hierarquia social medieval, muito transporta nos mosteiros da Ordem, assim obrigava, pois os monges eram quase todos sacerdotes, sendo maioritariamente de origem nobre.

Mosteiro de Arouca

Nesta faceta do trabalho manual os Cistercienses inovaram, ao criar granjas agrícolas ou mineiras, além de pesqueiras e salinas, onde os conversos produziam e administravam produções e geriam os territórios, favor da abadia de que dependiam.

Lá, na abadia, os monges oravam, ilustravam-se na Lectio Divina, geriam a propruiedade monástica no seu todo, celebravam, ensinavam, por vezes. Este esquema de organização foi um dos motivos do êxito de Cister, principalmente em termos económicos. A hidráulica, a metalurgia e a mineração, muitas técnicas agrícolas, a piscicultura, entre outras inovações, muito devem ao labor dos Monges Brancos.

Luz, claridade (como no hábito), sobriedade nos ornamentos e até mesmo na alimentação (sem carne) eram notas distintivas dos Cistercienses.



V. G. Teixeira
In O esplendor da austeridade, ed. INCM

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