"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
POEMA: AVÉ- MARIA...
“AVÉ-MARIA”
Na minha aldeia, ao entardecer,
costumavam os sinos repicar,
em alegria e fragor,
à hora das “Ave-marias.
Costume antigo, rural,
que a todos, lembrar queria,
pelos campos em redor,
que era hora de repousar.
O tempo é outonal, tardio…
e o dia está por um fio…
Homens e mulheres voltam do regadio,
partilha natural, nas nossas terras,
em tempo de estio…
Ao som do sino crepuscular
começa-se a rezar:
“Ave-maria, cheia de graça…”
…enquanto, com pressa e graça
se recolhem os utensílios
do diurno, duro mourejar…
E eu, que te venero, Maria, Mãe do Senhor,
quase sem querer, entabulo conversa com a oração
e começo a dizer, com amor:
…”…bendita sois vós, entre as mulheres…
e bendito o fruto do vosso ventre, JESUS…”
Sem o sentir, eu, que nunca rezo,
dirijo “o navio” da natural devoção
para a figura da Virgem,
numa sagrada luz de Aceitação!
Interiormente florida e confortada, continuo a minha reza,
num acto, sem premeditação:
“…(…) rogai por mim, pecadora…”
-”OH, Senhora!
Olhai pelos trabalhadores de enxada às costas…
…mas velai por nós, pecadores, conscientes das nossas dores,
dos nossos dissabores…dos nossos desamores!”
Esta “memória” que em mim acendi
dizendo que venero MARIA,
é como uma janela da vida, que
em menina vivi…
que o silêncio devorou no Tempo,
mas que o Pensamento guardou cá dentro!
“Pai-nosso, que estais no céu…”
OH DEUS! Dou comigo a rezar, na hora de recordar!
(Graças, Senhor, por não teres levado a chama da memória,
dos dias da minha tenra história!)
O tempo montou-me um cerco…
Mas, ao recordar, desperto…
Para a vida espiritual, pois claro!
pois não sou um bicho raro!
“Avé- Maria, cheia de graça…”
Um dia, há muito tempo,
Fui o que sou, afinal…alma que é alma…que é imortal…que pode recordar…que olha o sol, como se estivesse
a crepuscular, no tempo das “Ave-marias” passadas…Choro! Deitei pedras pelo ar…atirei flores ao mar…perdi-me a deambular por mim, sem me encontrar…Hoje, recupero aquele bem-estar que advém da vontade de rezar…
“…perdoai os nossos pecados
assim como nós perdoamos…”
É hora de ir ter comigo…
C10J-51(MIST)- OUT/010´
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Maravilhoso poema de uma oração feita ao entardecer do dia... e os sinos tocam num som plangente...Mãe de Deus, lembra-te da gente!
ResponderEliminarTu és, sem dúvida, uma escritora versátil... e eu gosto!!
Beijo e bom fds.
Graça
GRACINHA: o teu comentário é um bálsamo!
ResponderEliminarGosto de tocar todos os temas e Nª SENHORA...ADORO-A,melhor, VENERO-A!
BEIJINHOS ,minha amiga querida!MARILISA
Querida amiga, lindo poema em forma de oração. Adorei. Beijocas
ResponderEliminarQue bela oração...em poema que me pegou...
ResponderEliminarBeijo
MARILU querida: já tinha saudades tuas!
ResponderEliminarFico feliz por teres gostado!
Beijinho, querida amiga
Mª ELISA
ANDRADARTE: meu amigo querido, fico feliz por o ter "tocado" com este poema...Senti uma vontade irreprimível de o ir escrevendo...
ResponderEliminarBeijo muito amigo
LISA