terça-feira, 3 de março de 2009

Poema-C2B-123


Ao longo do Tejo, rompem barcas as águas descoloradas.
De madrugada, espreito o trabalho dos pescadores afadigados,
comprometidos na dura tarefa de recolher o “pão-peixe”,
que se debate nas redes, para escapar, sem que o homem deixe.

Alonga-se a vista pelo rio que esbate as margens
que o comprimem.
Solta-se a voz das gaivotas, assustadas pelo marulhar
das barcas nas águas, tocadas pelo sabor das aragens.

De largo a largo, deixo a imaginação nadar
em tempos de eras efabuladas…
Mas não é aí que se detém a força indomável
dos pescadores, movidos por outras remadas!

O barco nem sempre oscila com o peso do sustento ansiado.
Detém-se, por vezes, ao sentir-se aliviado do peso das redes
lançadas à água, com brutalidade e alento.

Salpicos de espuma, cheirando a maresia pura,
acordam-me do torpor em que mareja a ternura
dos navegantes d’outrora, em eterna procura
das rotas do oiro, canela e pimenta dura…




CAD. 4 D-48 – MRÇ/08

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