domingo, 21 de fevereiro de 2016

Poema meu








POEMA

O velho avô

Quando,
fugindo de secos desertos
e ares inóspitos
me visita uma avezita anónima,
sei que traz no bico um pedaço do tempo
em que me acaricia a voz do velho avô,
que em mim perdura e me faz companhia.
Passou tanto tempo por sobre o tempo
em que, pela sua mão quente, eu corria
contente pelos campos ervados,
a colher margaças e plantas bravias…


Quem dera fosse agora, velho avô doente,
minha doce companhia…

Passei , há tempo, na velha rua onde ficava a grande
casa tua…
Chorei de tristeza, pois não havia a velha mesa, na sala vazia…
E entre poeiras de milho em noites de lua
passam multidões de quem esteve comigo, na casa tua…

Hoje, cada vez mais vou caminhando para a Outra Idade…
…Idade que as ervilhas-de-cheiro e as açucenas não sentem.
porque ejaculam vaidade perene ao trocarem, entre si
sorrisos de cumplicidade da eternidade dos bolbos,
nas primaveras que lhes não mentem…

Maria Elisa Ribeiro
SET/015

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