"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
sábado, 27 de fevereiro de 2016
Poema de Miguel Ângelo...
Poema de Miguel Ângelo, (1475-1564), in víciodapoesia.com, traduzido por Jorge de Sena
“AL COR DI ZOLFO…”
Um coração de enxofre, a carne estopa,
e de bem seca lenha o atro seio,
alma sem qualquer norte, alma sem freio,
desejo pronto que ao prazer não poupa,
cegueiras da razão tão fraca e louca,
e quando o mundo é de ciladas cheio –
não é grã maravilha, se um anseio
a chama atiça a tão ardente roupa.
E as Artes belas que, do céu consigo
se alguém as traz, a Natureza enfreia,
se a força aplica em toda a parte e logo…
Se como tal nasci, se à Arte eu sigo,
entregue o coração ao que o incendeia,
culpa será de quem me deu ao fogo.
O soneto, dorida meditação sobre a paixão homossexual do artista: se como tal nasci…, fala-nos a todos, para lá de opções de género, do apelo irresistível da paixão carnal quando esta nos visita: cegueira da razão tão fraca e louca,
A tradução deste soneto de Miguel Ângelo é de Jorge de Sena e foi publicada na preciosa e tantas vezes citada antologia POESIA DE 26 SÉCULOS.
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