domingo, 21 de dezembro de 2014

O FILME DA SONY SERÁ BASEADO EM FACTOS REAIS??????????????


A história da Sony que parece um filme será mesmo baseada em factos reais?


JOANA AMARAL CARDOSO

20/12/2014 - 20:25


Coreia do Norte nega responsabilidade e exige papel na investigação ao ataque informático à Sony Pictures. Debate volta-se para teses alternativas da origem de hackers e o impacto criativo do caso.





Kim Jong-un retratado em The Interview"
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Hackers, Kim Jong-un, Seth Rogen e James Franco, Barack Obama e e-mailsvirulentos sobre estrelas de cinema. Um mês de ataque informático à Sony Pictures encheu-se de inéditos: uma comédia suspensa devido a ameaças de piratas informáticos, o Presidente a falar sobre filmes “…com Seth Rogen”, como suspirou Obama na sexta-feira, no centro de uma crise internacional que fervilha. Sábado, a Coreia do Norte negou responsabilidade no ataque que a Casa Branca diz ter a sua pegada e exige uma "investigação conjunta” ou haverá "sérias consequências". E questiona-se se esta história que parece um filme será mesmo baseada em factos verídicos.


Um dia depois de Barack Obama e o FBI terem apontado o governo norte-coreano como responsável directo do ataque que há um mês fustiga a Sony Pictures, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte negou qualquer responsabilidade. “Calúnia”, disse a diplomacia de Pyongyang, que exigiu que os EUA aceitem uma “investigação conjunta” porque senão “vão enfrentar sérias consequências”.



O porta-voz do MNE norte-coreano disse ainda à agência estatal norte-coreana KCNA: “Temos uma forma de provar que nada temos a ver com o caso e sem recorrer a tortura, como faz a CIA”, ironizou.

É mais um capítulo num mês de instabilidade no sector cinematográfico norte-americano, uma das mais valiosas exportações do país e uma indústria que valia em 2011, segundo o U.S. Bureau of Economic Analysis e o National Endowment for the Arts, cerca de 47 mil milhões de dólares. Além de potenciadora de influência cultural, é aquela que no sector criativo mais contribui para o PIB americano. Desde 24 de Novembro que um grupo dehackers identificado como Guardians of Peace (GOP) tem a Sony Pictures sob ameaça.

No que será um ataque motivado por uma sátira escrita por Seth Rogen e Evan Goldberg, ligados à comédia stoner de piadas explícitas, alguma marijuana e grupos de amigos, o filme The Interview sobre dois jornalistas americanos (Rogen e James Franco) contratados pela CIA para matar Kim Jong-un, o líder norte-coreano, foi suspenso. Houve ameaças que evocavam o 11 de Setembro para os espectadores que fossem ver The Interview na estreia, no dia de Natal, as salas recusaram mostrar o filme e um incidente internacional começou a fermentar.

O caso do hack da Sony passou de uma história sobre cerca de cem terabytesde informação surripiada pelos hackers, que libertaram na Internet e-mailsinternos com opiniões sobre filmes, actores ou realizadores, dados financeiros da empresa e dados privados de empregados, além de filmes por estrear, para se tornar numa crise diplomática entre dois países de relações já por si tensas. Mas as ligações a Kim Jong-un não são a única tese sobre o que está por trás deste ataque sem precedentes a uma empresa.

Uma carta do embaixador de Pyongyang enviada em Junho ao secretário-geral da ONU que diz que o filme “sobre o assassinato de um chefe em funções de um Estado soberano deve ser encarado como o mais não-disfarçado patrocínio de terrorismo, bem como um acto de guerra” marca o início da associação do país ao caso dos hackers. Uma espécie de primeira salva numa guerra cultural que, depois de a 24 de Novembro os computadores do estúdio terem congelado e a informação ter começado a gotejar, se tornou aparentemente indissociável do hermético país comunista.

Mas, como detalha a revista Wired, a primeira declaração pública dos responsáveis pelo ataque, bem como o e-mail enviado aos directores do estúdio dias antes, nunca referiam nem a Coreia do Norte nem o filme. Pediam dinheiro – “compensação monetária queremos”, lia-se na mensagem escrita em mau inglês. E a revista lembra que um alegado porta-voz dos GOP (que não era o nome inicial nas ameaças à Sony Pictures, mas sim God’sApstls) disse ao site de gestão de segurança CSO: “O nosso objectivo não é o filme The Interview como a Sony Pictures sugere”. Contudo, o entrevistado rematava: “A Sony Pictures produziu o filme danificando a paz e a segurança regional e violando direitos humanos por dinheiro”. A primeira referência ao filme nas mensagens dos hackers surge a 8 de Dezembro.

A revista de tecnologia escreve ainda que este tipo de ataque de larga escala não costuma ser tão espalhafatoso em termos mediáticos. Alguns métodos de divulgação da informação deste ataque sugere outros autores – foram partilhados dados no Pastebin, um repositório de texto online usado por piratas informáticos mais associados a grupos hacktivistas como o Anonymous.

A penetração e padrão do ataque sugerem que alguém dentro da Sony teria de estar envolvido; as provas citadas pelo FBI são circunstanciais ou pouco claras – é possível disfarçar moradas IP, por exemplo, dizem os críticos sobre um dos elos encontrados pela agência para confirmar a ligação a Pyongyang; um responsável dos serviços de informação dos EUA disse ao New York Times na quarta-feira que o ataque teve “uma sofisticação que há um ano diríamos que estava além das capacidades” da Coreia do Norte. São estas algumas das dúvidas levantadas não só na comunidade hacker mas também nas redes sociais e nos média. E sendo este um dos países mais pobres do mundo, onde apenas um grupo limitado tem acesso autorizado à Internet, a falta de uma infra-estrutura própria dificultaria a preparação de um ataque desta escala, duvida-se na imprensa.

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