domingo, 27 de abril de 2014

POEMA:























TERCETOS INDISCIPLINADOS…

Abre-se o peito, à força do Vento, em dias de tempestade.
Vento é música do ar e a voz do silêncio pensa o vazio
no âmago, a arder de ansiedade.

Na voz do Vento oiço odores de flores da Primavera,
rubras, brancas, amarelas…sentadas num bloco de Terra
a cantar, ao desafio, numa paleta de azuis…

As nuvens perdem raízes e choram lágrimas-pérolas,
quando o Vento rasga seu ventre-casulo- de –água
que elas vertem para a Terra…

Promontório arrogante, pedra dura, disforme falésia,
não se rende à força do mar que o contorna,
qual nau procurando a paz, que não encontra na guerra…

E eu sinto o coração dos dias, no marfim
dos meus-poemas-ribeiros-de-mil-perfumes-
-capas- cristalinas, que se tecem num jardim…

Da crista dos pinheiros, ao ar erguidos, escorrem névoas
perdidas, depuradas pelos raios de sol que alegram
vidas, flores coloridas e neves endurecidas…

Cantam cigarras, no pino do Verão, a mais linda canção
da Terra, escondidas nos plátanos, nos pinheiros e nos
arbustos em flor…Eu sento-me nesse cantar, depurando o coração!

Cheiro pedras seculares de muros de Lamentação!
E as oliveiras crescem, junto ao Templo de Salomão…
Verte-se azeite no copo, que ilumina a devoção do mundo…

Pincelo as Palavras…torno-as apetecidas!
Surgem ideias, caladas, vindas da mente, viajando meu corpo
feito Poema, num orgasmo linguístico…o da PALAVRA-TEMA!

Marilisa Ribeiro
R-C12M-62 (vds) -SET/011

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