"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
A escrita de António Lobo Antunes
O pensamento de António Lobo Antunes (1942- )
in estantedelivros.blogspot.pt
..."O escrever de António é como o escrever do pensamento na memória. O que pensamos é por vezes apenas o que persistiu, deitamos fora os sorrisos, ficam asdores, as moinhas que persistem como o joelho de Simone ou Alice, o joelho que não para de doer, que incha como as dores da alma.
É assim o escrever de António, um escrever que nos faz sentir as dores de todas as Cristinas e chorar a alma de todas as Simones. É assim um livro inteiro sem um sorriso, a não ser talvez o sorriso interesseiro do avô de Simone, “anda cá rapariga”, o avô de Alice (então Alice, está claro) que não vê, não enxerga e então vê Alice tacteando, as pontas dos dedos no corpo de Alice, como os aguilhões de todas as guerras cravados nas almas.
Um livro sofrido, escrito a sangue que se lê sem lágrimas mas também sem conforto a não ser o do prazer imenso de passear na tristeza e na arte infinita de António Lobo Antunes.
A meu ver um dos melhores livros de ALA, este, o último até ao próximo. Um livro onde, mais uma vez, não se pode procurar uma estoria porque os livros de ALA são viagens, não são contos nem narrativas. Viagens interiores, passeios pelas dores da vida e, muitas vezes, murros brutais na alma de quem lê. Murros que se encaixam talvez com prazer masoquista mas sem dúvida com prazer de saborear esta poesia da dor como ninguém mais é capaz de a escrever." Foto NET
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