SENTIDOS
Minha cabeça apoiava-se nas saudades que tinha de ti,
enquanto uma comunhão de anseios te retinha
na alquimia das cores e dos sabores que eu-te-vivi.
Nos olhos tenho o vento que trazia o odor dos teus sentidos,
amadurecidos…
Desse vento, chegam fragmentos de farrapos das nuvens
em que nos afundávamos, num recanto do jardim…
Agora…
do alto de uma pétala roxa, é hora da melancolia chamar as
lembranças
vermelhas-rubras de
um Acontecer
que sereno, em mim resplandecia…
Os pássaros continuam a murmurar a liberdade de voar…
Os astros iluminam as noites de Lua Cheia,
enquanto a fecundação das pérolas fecha ,na concha,
o seu grão -de-areia.
As flores dispersam nos ventos
sinais de cio das minhas pálpebras ,
cerradas aos simulacros de cintilação.
Meus sentidos andam à deriva na recordação-de-ti,
dentro da poesia que ‘inda não escrevi…
Meu fogo parou, quando um vulcão vomitou magma-fervente
na cintura que te oferecia pulsações ascendentes
de permanente euforia …
Ciciam sementes, contentes por germinarem na terra que as
cobre
com litanias,
que despertam como as flores, ao nascer do dia!
Vou construindo um poema de teus olhos
numa mágica ilha de orlas sensuais,
onde seremos um teorema de luz no caos das sensações
da natural geometria dos temporais…
Um realismo de seiva quente corre pelas veias das plantas
outonais…
No mar, por trás dos montes, cantam ventos imemoriais…
C14P-11-NOV/012
Maria Elisa R. Ribeiro
(Marilisa Ribeiro)
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