SE…(II)
Se ao menos uma palavra iluminada soubesse
ensinar-me o caminho…
Se as flores não desmaiassem de cor perante
o brilho quente do
sol…
Se ao menos o vento te fechasse na força
de um abraço, contra meu peito…
Se teus dedos soletrassem os meus sentidos, perdidos
no magma de sulcos de lava…
…as areias do mar, ao longe, perder-se-iam no canto
das sereias prateadas…
...os rios deslizariam por
cima de seixos quentes, obstinados,
sempre presentes na trajectória dos dias…
…o orvalho sensual perdido nas folhas das árvores, escorreria ,
natural, pela folha de papel onde me escondo-a- sentir
a fugaz, pálida , luz do teu olhar, ao encontro do viver…
Oh, se caminhássemos nesta bruma, que anuncia o dia onde já
nos perdemos…
Talvez tivéssemos mudado a mão do vento que sufoca as
árvores…
E outros poderiam ter sido ser os rios, as montanhas, as
florestas dos desertos
onde o desalento e a erosão dão as mãos…
e talvez, das nossas memórias se tivesse ausentado o
esquecer-as-flores-rubras a vicejar…
………………………………………………Se não tivéssemos sido
pedra-arruinada-entre-ruínas
………………………………………………talvez o sangue continuasse a fluir no corpo dos cactos
……………………………………………..e voltássemos a ouvir um piano no meio
das águas
……………………………………………..um violino a dançar num céu de espumas
esbranquiçadas
……………………………………………..uma sonata de amor num poema de noites
exaustas….
Maria Elisa R. Ribeiro
(Marilisa Ribeiro)
CQ16-ERTs-OUT/012
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