segunda-feira, 18 de março de 2013

POEMA: SE...(II)





SE…(II)


Se ao menos uma palavra iluminada soubesse
ensinar-me o caminho…
Se as flores não desmaiassem de cor perante
o  brilho quente do sol…
Se ao menos o vento te fechasse na força
de um abraço, contra meu peito…
Se teus dedos soletrassem os meus sentidos, perdidos
 no magma de  sulcos de lava…

                                                 …as areias do mar, ao longe, perder-se-iam no canto
                                                  das sereias prateadas…
                                                   ...os rios deslizariam por cima de seixos quentes, obstinados,
                                                    sempre presentes na trajectória dos dias…
                                                  …o orvalho sensual perdido nas folhas das árvores, escorreria ,
                                                  natural, pela folha de papel onde me escondo-a-  sentir
                                                  a fugaz, pálida , luz do teu olhar, ao encontro do viver…

Oh, se caminhássemos nesta bruma, que anuncia o dia onde já nos perdemos…

Talvez tivéssemos mudado a mão do vento que sufoca as árvores…
E outros poderiam ter sido ser os rios, as montanhas, as florestas dos desertos
onde o desalento e a erosão dão as mãos…
e talvez, das nossas memórias se tivesse ausentado o esquecer-as-flores-rubras a vicejar…

………………………………………………Se não tivéssemos sido pedra-arruinada-entre-ruínas
………………………………………………talvez o sangue continuasse a fluir  no corpo dos cactos
……………………………………………..e voltássemos a ouvir um piano no meio das águas
……………………………………………..um violino a dançar num céu de espumas esbranquiçadas
……………………………………………..uma sonata de amor num poema de noites exaustas….   



Maria Elisa R. Ribeiro
(Marilisa Ribeiro)
CQ16-ERTs-OUT/012         

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