quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Poema : HORA-SÓ 


HORA-SÓ


Estende-se a Hora, pelo tempo fora,
numa infinda viagem de horas e horas.

Nada a satisfaz…devoradora da paz que não sente
os tormentos de solidão dos olhos que a miram,
enquanto na espuma do mar procuram palavras
de um poema-a-delirar!

E olho para trás…para um resto de caminho
onde me cansei de não andar.

Palavra-Só do Ser desamparado numa viagem
que tritura como mó de moinho, no velho atalho
coberto de infâncias-desesperadas-de-novas-ânsias.

De saudades esburacada,
a alma está- absurdamente-sentada dentro de mim,
tal penedo cimentado,
virado ao sol do mistério
onde brinquei –no-sem-medo-de-viver-ou-de-morrer!

E cada momento vivido nas páginas de meu livro, em branco,
é a procura sentida da ilha abandonada,
fechada em horizontes perdidos, num porto do Além-Algures-Talvez .
Abro, pois, a janela daquilo que sou!
Deixo entrar o mistério que no quarto ficou
-----------------------------------------------e vou respirar, das folhas das árvores,
-----------------------------------------------o perfume do amor de uma flor que desabrochou.

Vou Estar-Só-Comigo-Só-
-num-poema-que- não-resultou.



Marilisa Ribeiro- (VDS)-Julho/012

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