SILÊNCIO…
A Lua, senhora da claridade, entra pela janela, radiante
e embrulha-me na sua
alegria luminosa,
prateada, gloriosa, magnética e crepuscular!
Desmesuradamente radiosa, avança na proeminência dos tempos
e expande-se aos
sinais interiores das origens…”as outras”…as anteriores…
Circula pelos recantos escuros das memórias
e acende lagos onde não nadam cisnes, nem vogam faluas.
Descobre-me, então,
claramente!
( eu sofro,
inevitavelmente!)
Em silêncio, oiço um
som diferente…o do encontro de mim
comigo própria!
.o silêncio é uma
arma e ,como todas as armas, magoa.
Frágil existência
(incompreensão do meu quotidiano!)
força-me a procurar latitudes espirituais…
E a Procura deixa-me angustiada e ferida
ao reconhecer que
sou, EU-PRÓPRIA-o meu ponto de Partida e de Chegada!
Descubro-me microcosmos
vivendo e pensando a transitoriedade.
Sou, apenas, uma oportunidade do cosmos…
…coisa momentânea do firmamento…
A lua é eterna! Os anjos estão enfurecidos…
O céu está alto demais-----------------------------------------para
mim-----------
e não pode responder às minhas humanas questões…questões sem
fim!
O céu é uma planície azulada onde o Silêncio reina
cortado pelo tom radioso das estrelas,
centro do Centro do calor divino,
reflectido nas frescas ramagens das árvores,
nas águas dos rios prateados ao anoitecer,
na imensidão telúrica dos campos floridos!
O Céu é o silêncio do
Mistério Humano!
No dentro de mim, perturba-me o silêncio de um deus
que dizem não ter princípio, nem fim…
É então que o céu parece um deserto de escuridão
perdido entre a lua e as estrelas!
.dúvidas da
Existência atemorizam
não permitindo captar
rumores das minhas Idades.
Tudo parece conjugar-se para um momento de êxtase,
quando se acendem lâmpadas astrais!
Estás perto, senhor do universo,
mas só consigo falar-te através deste verso…
Falo-Te com o Silêncio que És! Tu ouves…eu sei que ouves…
E digo-Te que todo o meu silêncio está sossegado, dentro de
mim!
Todo o meu mundo está nesse silêncio!
Estou na soleira do céu e vingo-me escrevendo,
pois que me sinto pequena no meio de tudo
e humana entre as máscaras-que-duram-no –rosto/pedra!
Todos os cenários do
Silêncio já FUI, neste EU sozinho,
farto de tudo o que
nunca teve!
O calendário move-se sem a ajuda de um rumor…
e eu transmigro, emocionalmente,
num veio que em mim se difunde…
ROSA…-
desabitada-de-espasmos-nocturnos-nas-punhadas-de –pétalas-caídas…
VULCÃO…-denegrido-no-passar-lento-do-musgo-cinzento-espalhado-nas-colinas….
Teu silêncio é o muro do Mundo, Senhor!
É orquestra calada no respirar das pautas!
MAS…chega BACH!
Faz-se silêncio
e a VIDA estremece!
MARIA ELISA RIBEIRO
R-C11L-123-OTB/011 (MST)
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