sábado, 2 de outubro de 2010

RECORDAÇÕES DE UMA VIAGEM A SARABURI(TAILÂNDIA)


FOTOS DO GOOGLE

Há dez anos, dezoito horas de viagem, em avião da ALITÁLIA, conduziram- me de Roma a Bangkok. Escala para reabastecimento no calor insuportável de NOVA DEHLI e nos píncaros dos arranha-céus de HONG-KONG… Pés inchados, angústias redobradas e nova espera, desta vez pela ligação da CATHAI PACIFIC, que nos iria levar à cidade capital do antigo reino de Sião.
A sensação com que se confrontam os turistas que desembarcam no aeroporto de Bangkok, é a de entrarem numa sala enorme de sauna, tal a humidade quente do ar sufocante do clima daquelas paragens…Quase sem o sentirmos, começamos a sentir “um formigueiro” a escorrer pelo corpo, em forma de gotas de suor, que não são mais do que um aviso do que ainda está para vir…
Passámos a noite num hotel. Do qual já não recordo o nome, mas que se situa quase ali ,no aeroporto, ao qual temos acesso por meio de uma ponte interna. Logo após as formalidades de inscrição, alguns dos amigos mergulharam nas águas da piscina para um natural “refresco” e limpeza daquele suor pegajoso e incomodativo. Eu dediquei-me a não pensar em mais nada que não fosse fazer uma boa soneca antes do jantar, pois sou avessa a estes picos de calor, que contendem com a minha própria capacidade de pensar. Analisei, para mais, uns apontamentos sobre Cerâmica, pois era a intérprete daquele grupo de italianos que, no dia seguinte, devia partir para SARABURI, uma cidade comercial e industrial, a norte de BANGKOK, onde estavam a implantar-se os grupos cerâmicos de MODENA, cidade italiana célebre por ser, além do mais, a terra natal de PAVAROTTI e da FERRARI, logo ali em MARANELLO.
Para chegar a Saraburi, fomos de autocarro, devidamente climatizado, por auto-estradas de cimento, tal a força do calor! Na modorra do ar condicionado, vi quão incríveis são os desígnios do nosso destino! Quem havia de dizer que eu havia de ter esta oportunidade, na vida…Da janela, via o trabalho moiro dos tailandeses nos campos de arroz! Como pode ser dura e miserável a vida! Ao longo da auto – estrada, à esquerda e à direita, havia “tendinhas” onde se parava, para comprar gordas cobras cascavel, petisco acessível às bolsas recheadas e iguaria altamente apreciada… Voltei a encontrá-las, penduradas e esticadinhas, à venda, no descomunal mercado de Saraburi, ao lado de gordas baratas, anafados gafanhotos, isto para além de sapos, rãs, caracóis do tamanho de uma casa e coisas do género. Mundo estranho, mundo novo, mundo surpreendente… E o inferno do calor continuava, com a diferença que, o único hotel da cidade não tinha piscina e as fossas daquela urbe imensa eram ao ar livre… Como “a cavalo dado não se olha o dente”, habituei-me à ideia do ar condicionado que me alentava a mim e às OSGAS, brancas, pegadas às paredes e aos tectos, ameaçadoras, como se, a qualquer momento nos fossem cair nos olhos, na cara…Explicaram-me, depois, que aqueles asquerosos animais eram, afinal, a salvação de todos nós….É que a Natureza dotou-as de poderes especiais para comerem os insectos portadores de todo o tipo de doenças, num clima daqueles! E pensei:”Queridos asquerosos animais! Obrigada por existirdes!”
No dia seguinte, depois do trabalho, fui conhecer a cidade num “TUC-TUC”, uma espécie de TÁXI, movido pelos pés do condutor! Depois de discutir o preço, lá fui ver o mercado, que era uma espécie de feira das nossas terras, multiplicado por cem! Fervilhante de vida oriental! o que me foi dado ver de uma civilização milenar, segundo dizem. Não está sequer em causa se é superior ou inferior, para aquilo a que estou habituada. Está em causa o valor intrínseco de tudo o que o Altíssimo nos põe diante dos olhos! Não podemos ter uma visão redutora das coisas. Quem sou EU, “pequeno bicho da terra”(Camões) para reduzir tudo o que me é dado ver, assim, sem contar, a um simples adjectivo?
Entrei num pequeno templo e acendi um pau de incenso, tal como me aconselhou o guia do hotel. E ali mesmo, como se estivesse na minha Igreja, dirigi os meus pensamentos para esse Alguém superior a quem chamamos Deus. Ninguém ,em volta, me olhou de modo diferente…
E eu agradeci por estar ali. Por ser humana, por ter a possibilidade de saber aceitar como normal, uma cultura diferente, que tanto me enriqueceu.
Era sexta-feira e, a certa altura, vi passar uma coluna militar de centenas de carros, blindados e não só, que transportavam, talvez, milhares de soldados. Tão empenhados todos na sua pose de militares disciplinados, juro que pensei estar no meio de uma revolução ou de uma sublevação militar! Mas não, felizmente! O SHIAOLIN, o guia do hotel, explicou-me que a THAILÂNDIA tem, há muitos anos, um conflito militar de interesses fronteiriços, com o LAOS, que, apesar de tudo, obedece a regras de cavalheirismo: o fim-de-semana é sagrado! Como tal, os soldados dos dois países vão a casa, à sexta-feira, retemperar as forças e o moral e, à segunda – feira, novamente alinhados e disciplinados, lá passa de novo a coluna militar para mais uma semana de “trabalho”, sem que nenhuma das partes tenha quebrado o acordo de cavalheiros!
Lembro-me, agora, de um provérbio judaico que diz: “Não há melhor negócio que a vida. Nós obtemo-la a troco de nada”.Não estou muito de acordo, porque todos temos que fazer um esforço tremendo para que a vida vá acontecendo…
Não esqueci esta viagem, o que nela aprendi e me enriqueceu. Foi nos fins dos anos noventa, do século passado…Mas está tudo “aqui”… na cabeça e no coração. Um velho ditado italiano diz:”APRENDE E PÕE DE PARTE.” Assim faço, a todo o momento…

4 comentários:

  1. Querida amiga, viajar a Tailandia independente das dezoito horas e as escalas deve ser fascinante. Tenha um lindo final de semana. Beijocas

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  2. Victor Hugo dizia;Viajar é nascer e morrer a todo o instante .

    Beijos meus querida Manú.

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  3. MANUEL MARQUES: NÂO TE ENGANASTE NA MULHER????
    EU SOU MARIA ELISA...NÃO MANÚ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  4. MARILU: foi um feliz acaso, estar em ITÁLIA, quando fui à TAILÂNDIA...
    BEIJINHOS
    Mª ELISA

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